Título: EMPRESÁRIA DETALHA CORRUPÇÃO EM SANTO ANDRÉ
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 24/11/2005, O País, p. 11

Rosângela Gabrilli diz à CPI dos Bingos que seu pai, dono de empresa de ônibus, pagou propina durante cinco anos

BRASÍLIA. O esquema de corrupção apontado pelo Ministério Público como pano de fundo para o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi detalhado ontem por uma empresária de ônibus do município, Rosângela Gabrilli. Em depoimento à CPI dos Bingos, ela confessou que seu pai, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli, pagou propina por cinco anos à prefeitura. Disse que ele e seis empresários da cidade foram vítimas de um esquema montado na administração petista, que extorquiria dinheiro do setor para o caixa dois do partido.

Rosângela Gabrilli disse aos senadores que sua irmã Mara denunciou ao presidente Lula que a família vinha sendo intimidada pelo ex-secretário de Serviços Municipais Klinger de Oliveira Souza, mesmo após o fim da cobrança de propina. Segundo Rosângela, em 2003, Mara esteve no prédio de Lula e foi recebida por cerca de 20 minutos pelo presidente e dona Marisa. Ela teria relatado o caso e Lula prometido ¿averiguar¿. Rosângela afirmou que não teve resposta do Planalto. Ano passado, Mara, que é tetraplégica, filiou-se ao PSDB para desenvolver programas de apoio a deficientes físicos. Até o início da noite o Planalto não tinha se manifestado sobre a revelação.

Relator vai pedir indiciamento dos três

Rosângela afirmou que o esquema era comandado por Klinger e teria participação do também empresário de ônibus Ronan Maria Pinto e de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, indiciado pelo MP sob acusação de ser o mandante da morte de Celso Daniel. O relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), informou que a comissão vai propor o indiciamento dos três por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Segundo Rosângela, a caixinha começou a ser cobrada quando Daniel tomou posse. Ela não soube dizer se o prefeito sabia do esquema. Afirmou que o valor da caixinha era calculado de acordo com o número de ônibus em circulação. O valor referente a cada veículo era estipulado segundo o preço da passagem. Segundo ela, a Viação São José, de seu pai, pagou de R$36,1 mil a R$41,8 mil mensais.

Rosângela apresentou cópias de dois depósitos de cerca de R$11 mil na conta de Sombra no Banespa.