Título: BNDES deve desembolsar 87% do orçamento previsto para este ano
Autor: Janaína Figueiredo* e Mirelle de França
Fonte: O Globo, 11/11/2004, Economia, p. 35

Até o fim deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende desembolsar R$ 42 bilhões, atingindo 87% da meta estimada para 2004, de R$ 47,3 bilhões. A informação foi dada ontem pelo vice-presidente do banco, Darc Costa, durante uma rápida visita a Buenos Aires. Entre janeiro e outubro deste ano, o BNDES desembolsou R$ 29,8 bilhões.

¿ Este ano esperamos registrar um crescimento de mais de 20% no desembolso, em relação ao ano passado ¿ afirmou o vice-presidente do BNDES, que aproveitou a oportunidade para alfinetar as autoridades do Banco Central.

Perguntado sobre a queda na demanda de crédito no país, Costa assegurou que ¿quem impede o crescimento do crédito no Brasil não é o BNDES e sim o Banco Central¿, se referindo aos aumentos da taxa básica de juros aplicados recentemente.

¿ Se quiserem crescimento, os juros devem ser mais baixos. Mas essa é uma decisão política ¿ enfatizou Costa.

Segundo ele, ¿o investidor é um animal arredio que precisa ser atraído¿. De acordo com Costa, o BNDES não recebeu, para os últimos dois meses deste ano, os projetos de longo prazo que eram esperados.

Crédito de US$ 378 milhões é aprovado para a Petrobras

Uma operação aprovada ontem poderá ajudar o banco a cumprir parte do orçamento. O banco vai financiar com US$ 378 milhões a construção da plataforma P-52 (Bacia de Campos) da Petrobras, cujo projeto terá custo total de US$ 895 milhões. De acordo com o gerente de Óleo e Gás da área de Comércio Exterior do BNDES, Roger Louis Egea, o contrato deverá ser assinado este mês e os recursos começarão a ser liberados já este ano.

O financiamento, concedido à subsidiária da estatal Petrobras Netherlands B. V., terá prazo de carência de três anos e para amortização, dez anos, ao custo de Libor (taxa de juros de longo prazo referência no mercado internacional) mais 2% ao ano. A operação com o BNDES está restrita ao financiamento de bens e serviços produzidos no país.

A licitação para construir a P-52 foi vencida pelo consórcio formado pela Fels Setal S/A (75%) e Technip Engenharia S/A (25%). Em dezembro de 2003, o grupo firmou com a subsidiária da Petrobras o contrato de construção da plataforma.

¿ O mais importante é que essa operação vai gerar renda e emprego para milhares de pessoas ¿ disse o executivo, ao ressaltar que a estimativa é de criação de até cinco mil empregos diretos.