Título: ATIVISTAS CRITICAM DOCUMENTO DO VATICANO SOBRE ORDENAÇÃO DE GAYS
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Fonte: O Globo, 24/11/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 32

Igreja é acusada de tentar desviar atenção de escândalos de abuso sexual

CIDADE DO VATICANO. Um novo documento do Vaticano sobre homossexualidade entre padres desencadeou uma chuva de críticas à Igreja Católica, acusada de usar gays como bodes expiatórios para seus escândalos de abuso sexual. O documento, que será apresentado oficialmente na próxima semana, diz que a Igreja deve impedir o sacerdócio de gays praticantes e pessoas com tendências homossexuais profundas¿ ou que apóiem uma cultura gay.

Segundo a diretriz estabelecida pela Congregação para a Educação Católica do Vaticano, candidatos a entrar na vida religiosa que apresentem tendências homossexuais somente devem ser admitidos após um período de três anos em que elas tenham sido claramente suprimidas.

¿ Isso parece uma tática de desvio para tirar a atenção pública do real problema do Vaticano, que é o abuso sexual de crianças pelo clero ¿ avaliou Peter Tatchell, do grupo gay britânico OutRage. ¿ O Papa devia estar lidando com a pedofilia dentro da Igreja e não fazendo uma caçada aos gays.

Membro da Igreja Anglicana elogia nova orientação

O documento foi elogiado por membros da Igreja Anglicana, que sofre uma profunda divisão sobre o tema da ordenação de gays.

¿ Alegra-me o coração saber que outros estão promovendo uma política assim ¿ disse Tunde Popoola, diretor de comunicações da Igreja Anglicana da Nigéria.

No entanto, mesmo dentro da própria Igreja Católica há vozes dissonantes, como a do padre Tom Reese, um acadêmico e escritor jesuíta americano. Para ele, o Vaticano não aprendeu a lição sobre o assunto.

¿ O Vaticano está tomando decisões sobre a propriedade de ordenar homossexuais em total ignorância sobre quantos padres atualmente são homossexuais, o quanto eles observam o celibato e como eles desenvolvem seu ministério ¿ analisou ele.

Reese, que perdeu seu emprego como editor do semanário jesuíta ¿America¿ porque a publicação desagradava ao Papa Bento XVI , acha que o Vaticano está passando ao largo do âmago da questão.

¿ Se alguém é chamado por Deus para ser padre, mas é rejeitado pelos funcionários da Igreja, isso não é uma violação de um direito humano, de mas de um direito divino: o direito de Deus convocar quem Ele quiser para a ordenação ¿ argumentou.