Título: `NÃO¿: R$5,8 MILHÕES DE TAURUS E CBC
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 25/11/2005, O País, p. 14
Indústria do armamento financiou frente que venceu referendo sobre armas
BRASÍLIA. A frente parlamentar contrária à proibição do comércio de armas, vitoriosa do referendo de 23 de outubro, teve a campanha financiada quase integralmente por duas das maiores indústrias de armamento do país: a Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Juntas, as empresas doaram R$5,58 milhões para o ¿não¿. Os gastos da frente chegaram a R$5,72 milhões, mais que o dobro dos R$2,28 milhões gastos pela frente do ¿sim¿.
¿ Só um bobão ia imaginar que esse dinheiro ia sair do meu bolso. A Taurus e a CBC são as mais interessadas nisso, tinham que pagar a conta mesmo. Quem mais faria isso? Um fabricante de água mineral? ¿ argumentou o presidente da frente Pelo Direito à Legítima Defesa, Alberto Fraga (PFL-DF).
¿ Fica comprovado que a frente do ¿não¿ estava defendendo o lucro das empresas de armamentos ¿ acusou o tesoureiro da frente opositora, deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
A maior doação da campanha do ¿sim¿ foi feita pela Ambev, fabricante de cerveja e refrigerantes: R$400 mil.
Os dirigentes da campanha do ¿não¿ deixaram de prestar contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no prazo regulamentar. As contas devem ser prestadas um mês após a votação, ou seja, até a última quinta-feira. A frente que defendeu o comércio de armas pediu ao tribunal mais 15 dias de prazo.
Lei não prevê alteração de prazo para prestar contas
Segundo ex-ministros do TSE ouvidos pelo GLOBO, não há previsão na lei para mudar o prazo. A frente do ¿não¿ teria, portanto, cometido crime eleitoral. Mas a lei só prevê punições para partidos e candidatos, não para frentes parlamentares.
A frente que defendeu o comércio de armas promete apresentar a documentação ao TSE na semana que vem.
¿ Decidimos que seria melhor entregar à Justiça Eleitoral uma prestação de contas detalhada, para mostrar que não tem caixa dois. Não vejo irregularidade ¿ disse Alberto Fraga.
Segundo ele, o custo maior da campanha do ¿não¿ foi a propaganda (R$3,84 milhões à agência do publicitário Chico Santa Rita) e não houve dívidas. Já a frente do ¿sim¿ declarou à Justiça Eleitoral uma dívida de R$313,52 mil.