Título: RIO TEM 16 CIDADES EM RANKING DE VIOLÊNCIA
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 25/11/2005, O País, p. 14

Lista do Ministério da Saúde aponta São Paulo como o município mais violento do país, seguido pela capital fluminense

BRASÍLIA. Dezesseis dos cem municípios mais violentos do país estão no estado do Rio, aponta um ranking elaborado pelo Ministério da Saúde com base nas estatísticas de mortes não-naturais (homicídios, mortes por arma de fogo sem causa determinada, suicídios e acidentes de trânsito) entre 2000 e 2004. A capital fluminense é a segunda colocada no ranking, atrás de São Paulo.

Para chegar ao ranking, os técnicos criaram um índice de violência considerando as mortes violentas, como homicídios, suicídios e mortes no trânsito, mas os homicídios tiveram peso mais alto na composição do índice. Pelo ranking, o índice de violência em São Paulo é 11,53, e o do Rio, 6,75.

Enquanto os índices de violência diminuíram na cidade do Rio, nove municípios fluminenses aumentaram suas posições no ranking desde 2000. A pior situação é de Macaé, no Norte Fluminense, que registrou o maior aumento no índice de mortes violentas do país desde 2002, saltando da 77ªª para a 16ª ªposição em apenas cinco anos. Macaé, que experimenta desenvolvimento econômico graças ao petróleo, também sofre com o crescimento desordenado e o aparecimento de favelas.

Baixada é região mais violenta

Queimados, na Baixada Fluminense, deixou o 90ºº lugar em 2000 e em 2004 já aparece em 48ºº. A Baixada, por sinal, contribuiu para o ranking nacional com oito municípios, garantindo o título nada honroso de região mais violenta do país.

Em 2000, o Estado do Rio tinha 14 cidades neste ranking, que considera apenas municípios com mais de cem mil habitantes. Magé (77ºº lugar) e Mesquita (72ºº), também na Baixada, e Angra (81ºº), na Costa Verde, entraram na lista; Nova Friburgo, na Região Serrana, que ocupava a 92ºª posição, saiu.

Entre as cidades fluminenses que melhoraram sua posição, o destaque é São Gonçalo, na Região Metropolitana, que figurava entre as 20 mais violentas em 2000 (14ºº lugar) e em 2004 recuou para a 39ªª posição.

Já entre as dez cidades com mais mortes violentas, as oito primeiras são capitais. O pior desempenho entre elas é o de Salvador, que saltou da 20ªª posição em 2000 para a 7ªª em 2004. Os melhores resultados foram de municípios paulistas, que tinham quatro representantes entre os dez primeiros colocados (São Paulo, Campinas, Diadema e Guarulhos) e hoje têm apenas a capital.

Do total de óbitos considerados pelo estudo, 60,2% foram assassinatos. Segundo o Ministério da Saúde, as cem cidades do ranking são responsáveis por praticamente um terço (53,8 mil) dos óbitos por violência no país, que chegaram a 127 mil em 2003. Entre 2002 e 2004, o número de mortes violentas caiu de 45 mil para 41 mil. As taxas de mortes baixaram de 69,9 para 62 por cem mil habitantes em 2004.

Cada caso, um peso diferente

O mapa da violência no país foi montando por meio de um índice que junta dados brutos de mortes e atribui pesos diferentes a eles. Homicídios e mortes por armas de fogo têm peso 0,4; suicídios e mortes de trânsito, peso 0,3. Apesar de serem os primeiros do ranking, São Paulo e Rio, por exemplo, não tiveram em 2004 as maiores taxas de homicídio, calculadas por cem mil habitantes ¿ 36,78 e 36,93, respectivamente. O topo desta lista é de Macaé (108,15 homicídios por 100 mil habitantes), seguida por Serra (ES, 108,15), Foz do Iguaçu (PR, 97,46) e Cariacica (ES, 95,51).

Em números absolutos de 2004, São Paulo registrou 3.955 homicídios e foi seguido por Rio (2.220), Belo Horizonte (1.096) e Recife (962). A capital paulista também liderou com folga neste ano a lista de suicídios, com 390 casos. O Rio teve 96 casos, ocupando o quinto posto. A surpresa foi Fortaleza, em segundo lugar, com 124 registros. Nos casos de acidentes de trânsito, São Paulo novamente lidera o ranking. Foram 1.430 casos, contra 593 no Rio, 495 em Brasília e 425 em Curitiba e em Fortaleza.

Segundo o ministério, o mapa foi elaborado para que União, estados e municípios criem políticas públicas de combate à violências.