Título: CIDADES FLUMINENSES NÃO ADOTAM PROIBIÇÃO
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 27/11/2005, O País, p. 16

Apenas um município, Belford Roxo, está levantando índices de violência para tomar decisão

As regiões mais violentas do Estado do Rio não dispõem de lei seca, nem as maiores cidades cogitam pesquisar áreas com maiores índices de homicídios para uma possível adoção da restrição de horário de consumo de álcool em lugares públicos. A exceção é Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

Segundo a prefeitura de Belford Roxo, a Secretaria municipal de Segurança Pública tem um projeto para implementar a lei seca. Lugares e os horários serão escolhidos de acordo com índices de criminalidade que estão sendo levantados a partir dos dados da Polícia Militar.

Belford Roxo é um dos 11 municípios mais violentos do Brasil, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada em abril deste ano. A relação de número de homicídios para cada cem mil habitantes é de 65,20. A cidade tem hoje cerca de 480 mil habitantes.

No ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado do Rio, o município está em 33º lugar, mas no critério de esperança de vida ocupa a 64ª posição, e no de renda, a 81ª posição, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado (outubro de 2004).

Estatística poderia fazer o Rio estudar a proibição

Já São João de Meriti, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, as três relacionadas no ranking de homicídios do Ipea, não têm projetos de estudo para eventual implantação da lei seca, segundo informações das respectivas prefeituras.

Nem o Rio de Janeiro tem. Anteontem, foi divulgado o ranking dos cem municípios mais violentos do país elaborado pelo Ministério da Saúde, com base nas estatísticas de mortes não-naturais (homicídios, mortes por arma de fogo sem causa determinada, suicídios e acidentes de trânsito). O peso maior na composição do índice foi dado aos homicídios. O Rio ficou em segundo lugar, com um índice de 6,75. Em primeiro, está São Paulo, com 11,53.

Segundo o prefeito Cesar Maia, a relação entre violência e consumo de álcool não está demonstrada na cidade. Ele afirma que foi feita uma pesquisa em 2002 que não encontrou tal relação. Para o prefeito, a questão a ser enfrentada é o tráfico de drogas.

¿ Se existir uma estatística que demonstre isso, podemos estudar ¿ disse o prefeito, por e-mail. ¿ Em 2002, quando pesquisei, não havia. Os homicídios no Rio não têm esta localização. Ela se dá no entorno das bocas-de-fumo. Os bares não são usados para isso.