Título: FLUXO PARA O MUNDO CRESCEU 43% ANO PASSADO
Autor: Gilberto Scofield
Fonte: O Globo, 27/11/2005, Economia, p. 37

França é o principal destino dos chineses que gostam de comprar

PEQUIM. Uma pesquisa conjunta da AC Nielsen e da Tax Free World Association (TFWA) mostra que quase todos os chineses gostam de comprar quando vão ao exterior e gastam em média US$980, uma das maiores taxas do mundo. O que significa que, a médio prazo, os chineses poderão gastar no Brasil algo como US$98 milhões por ano.

Ano passado, 29 milhões de turistas chineses viajaram pelo mundo, um crescimento de 43% em relação a 2003, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Este ano, são esperados 1,5 milhão de turistas chineses na França, o principal destino turístico.

A julgar pela movimentação de chineses para o Brasil nos últimos cinco anos, o fluxo turístico tende mesmo a disparar. Mesmo antes do incentivo da classificação de ¿destino autorizado¿ concedida ao Brasil ¿ uma das poucas conquistas efetivas resultante das visitas feitas ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China e pelo presidente da China, Hu Jintao, ao Brasil ¿ a concessão de vistos de turismo e negócios feitas pela Embaixada do Brasil em Pequim não pára de crescer. Passou de 666 vistos de turismo, em 2001, para 2.010, no ano passado. De janeiro a outubro deste ano, já chegou a 2.680. Os vistos de negócio também cresceram, passando 4.525 em 2001 para 9.555 e 7.332 até outubro de 2005.

No total, 13,4 mil chineses visitaram o Brasil em 2004 a negócios ou a passeio. Até outubro deste ano, já foram 10.012. Para o embaixador do Brasil em Pequim, Luiz Augusto de Castro Neves, à medida que agências, hotéis e empresas de transporte do Brasil e da China começarem a trocar informações entre si com maior freqüência esse aumento tende a acelerar.

Em julho passado, o governo da China e do Brasil trocaram uma lista com os nomes das agências que estão aptas a montar pacotes turísticos. A China Diaoyutai International Travel Service, localizada na exclusivíssima Diaoyutai, o complexo de prédios que serve de hospedagem a chefes de Estado em visita à China, é uma delas. Wei Xing, dono da agência, diz que as perspectivas são boas, mas reclama do custo das passagens e da falta de informações. Um pacote de 15 dias no Brasil, incluindo pontos como Rio, Brasília, Amazônia, Salvador e Foz do Iguaçu, custa em Pequim cerca de 40 mil yuans (US$4,9 mil).

Cesar Yu, gerente da Varig na China, promete para o início de 2006 os primeiros vôos diretos entre São Paulo e Pequim. Segundo ele, a passagem deve ficar em torno de US$1.500.

¿ Os chineses se preocupam com segurança, mas não a ponto de desistirem da viagem. A maioria dos turistas é de classe média-alta e alta e quer conhecer Rio, Foz do Iguaçu, alguma escola de samba e o Maracanã ¿ diz Wei Xing.(GS)