Título: TRABALHADOR DO RIO TEVE QUEDA DE 2% NA RENDA
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 27/11/2005, Economia, p. 38

Desemprego também recuou, mas 67% das ocupações criadas no ano passado ficaram no mercado informal

O Rio acompanhou o Brasil na redução do desemprego. Enquanto no país a taxa baixou de 9,7% para 9% da força de trabalho, no Rio o índice passou de 12,9% para 11,4%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad 2004), divulgada na última sexta-feira pelo IBGE. Em 2004, o estado convivia com 855.978 trabalhadores à procura de emprego. Mas a renda não seguiu o comportamento médio do país. Se no Brasil, depois de sete anos em queda, o salário do trabalhador ficou estável, no Rio caiu 2%, descontada a inflação. O rendimento médio mensal ficou em R$875, contra R$893 recebidos em 2003.

A explicação vem do tipo de ocupação criada para os trabalhadores fluminenses. Apesar de a geração de empregos ter subido 4,3%, contra os 3,3% da média nacional, a grande maioria das vagas foi sem proteção da legislação. Das 275.418 vagas abertas em 2004 no estado, 67% foram para os trabalhadores por conta própria (76.992), os empregados sem carteira assinada (63.302), os não remunerados (7.356) e as domésticas sem carteira assinada (38.910).

¿ Em 2004, o país viveu um crescimento da economia puxado pelas exportações. O Rio cresceu também, mas não é um estado exportador, atividade que levantou o emprego formal no país. Isso explica um pouco a queda na renda no estado, ao contrário do país ¿ afirmou Sérgio Besserman, diretor do Instituto Pereira Passos e ex-presidente do IBGE.

Segundo o economista, como o aumento maior do número de ocupações veio pelo trabalho dos autônomos com renda mais baixa, a queda no salário era esperada.

Mesmo crescendo com menos força do que no ano passado (quando a alta foi de 5%), o emprego com carteira assinada aumentou em 2004. Foram mais 58.805 postos, numa expansão de 2,43% (excluindo os trabalhadores domésticos com carteira assinada). Luis Carlos Horta, técnico de segurança do trabalho da Rio Polímeros, inaugurada em junho, é um dos que aproveitaram a onda de formalização nos dois anos. Ele saiu da indústria naval para outra vaga no setor. Em 2004, a indústria foi uma das que mais contrataram: alta de 5,36%.

¿ Estou ganhando mais e o projeto de uma nova fábrica é um desafio ¿ disse Horta.

Mas o comércio decepcionou. Depois de aumentar o pessoal em 4,14% em 2003, a atividade que mais emprega no Rio cortou 1,9% das vagas em 2004. A construção também cortou vagas.

COLABOROU Luciana Rodrigues