Título: APOSENTADOS DUVIDAM DE PROMESSAS
Autor: Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 26/11/2005, O País, p. 14

`Quando ele (Lula) queria ser presidente, prometeu muito e não cumpriu¿

TERESINA e BELO HORIZONTE. Os piauienses que estavam ontem na longa fila que ocupa dois salões do Posto de Benefícios do INSS de Teresina, capital do Piauí, disseram não acreditar na promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de acabar com as filas. A maioria dos segurados do interior do estado busca resolver problemas, como pedidos de aposentadoria e de benefícios previstos na Loas (Lei Orgânica de Assistência Social).

Com o dedo anelar direito cortado por uma lixadeira na construtora onde trabalha, o operário Luiz Marcos, de 48 anos, disse que jamais acreditaria na promessa.

¿ Quando ele queria entrar para a Presidência da República prometeu muitas coisas e não cumpriu. Não vai ser diferente com a fila. Eu já vim duas vezes para conseguir o pagamento de 15 dias parados pela Previdência Social e não consegui.

A dona de casa Francisca Soares, de 34 anos, é outra cética:

¿ Acho difícil porque, para acelerar o atendimento, teria que contratar mais servidores, o que ele não está fazendo. Pior que enfrentar as filas é chegar e ser informado pelo funcionário do INSS que não pode resolver o problema e marcar nova data ¿ disse ela, que tenta conseguir o benefício do atendimento continuado (R$300 mensais) para a mãe, Rosa Helena da Silva, de 53 anos, que sente fortes dores nas pernas e não pode trabalhar.

Filas também em Belo Horizonte

As filas também são um problema nas agências do INSS em Belo Horizonte. Nos oito postos de atendimento na cidade passam diariamente 2.500 pessoas em média. O maior fluxo é na agência central, na avenida Afonso Pena e também em Venda Nova, região norte. Nas duas unidades o atendimento chega a 10 mil pessoas/dia. A maior procura da população é por auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, que representam 70% da procura em todas as agências do INSS.

A demora no atendimento acarreta uma sucessão de problemas. É o caso da dona de casa Zélia Pais Franco, que terá que marcar nova consulta para o marido, Walter Luiz Pimenta Franco, que tem problemas psiquiátricos, mas não consegue fazer a perícia. Quando ele é atendido, o exame médico já perdeu a validade. Zélia passa pela mesma situação pela quarta vez. A agência procurada por ela fechou mais cedo na sexta-feira para os funcionários passarem por um treinamento.