Título: NO GOVERNO, COMEMORAÇÃO MODESTA
Autor: Flávia Oliveira e Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 26/11/2005, Economia, p. 36

Secretários ressaltam o papel dos programas sociais nos resultados

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, comemorou ontem de forma discreta os dados da Pnad, considerando-os um sinal de que o bom momento da economia está consolidado. Escalado para falar pelo governo federal, ele disse que a renda voltará a crescer este ano, mas fez considerações gerais sobre a pesquisa, sem ressaltar a importância das ações públicas para os avanços registrados. Coube aos ministérios setoriais defenderem os efeitos positivos de programas como o Bolsa Família.

¿ Se olharmos de maneira estática, acho que estamos aquém do que esperávamos. Mas acho os dados bastante significativos. A pesquisa mostra que, pela primeira vez desde 1997, a renda média dos brasileiros parou de cair e dados preliminares mostram que em 2005 vamos ter um aumento ¿ disse Paulo Bernardo.

No Ministério do Desenvolvimento Social, a comemoração foi mais efusiva. Rosani Cunha, secretária nacional de Renda de Cidadania, disse que o resultado da desigualdade (a menor desde 1981) mostra que a economia pode crescer ao mesmo tempo em que se adotam políticas de distribuição de renda. Ela destacou o aumento real do salário-mínimo e os programas Bolsa Família e de apoio à agricultura familiar.

Ministro do Trabalho defende reposição do mínimo

O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, disse que os números mostram melhora nas contas do INSS. Em 2003 e 2004, observou, houve aumento significativo dos contribuintes individuais, graças ao desempenho da economia:

¿ Os dados mostram o sucesso das políticas públicas do atual governo.

Já o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, disse que os avanços em educação demoram a aparecer. Mas ressaltou que o número de crianças fora da escola entre 7 e 14 anos (2,8%) é positivo.

Paulo Bernardo disse ainda que o envelhecimento da população é um desafio para a formulação de políticas públicas, devido ao aumento de gastos em saúde e previdência.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, por sua vez, destacou a leve melhora na distribuição de renda no país:

¿ Os altos salários, que estão no topo da pirâmide, tiveram um movimento para baixo, enquanto na base da pirâmide houve uma movimentação para cima.

Segundo Marinho, isso seria tão importante quanto o fato de o rendimento médio dos trabalhadores ter ficado estável em 2004, interrompendo a seqüência de quedas iniciada em 1997. Ele afirmou que a próxima Pnad deve mostrar recuperação da massa salarial.

Apesar de ressaltar a necessidade de uma política de reposição do salário-mínimo a longo prazo, Marinho rejeitou a proposta das centrais sindicais de reajuste para R$400 em 2006 (¿o Orçamento não tem condições¿). Mas disse que a sugestão do relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SP), de R$340, é ¿um ponto de partida interessante¿.