Título: INCÊNDIO EM TRANSFORMADOR PARALISA ANGRA 2
Autor: Ramona Ordoñez e Monica Tavares
Fonte: O Globo, 26/11/2005, Economia, p. 40

Não há previsão de data para usina voltar a funcionar, mas ONS afasta risco de falta de energia no Estado do Rio

RIO e BRASÍLIA. Um incêndio ocorrido às 4h33m de ontem, em um dos transformadores de energia elétrica de Angra 2, fez com que os sistemas de segurança desligassem automaticamente a usina nuclear, assim como Angra 1. Ainda não se sabe as causas do incêndio e não há previsão de quando Angra 2 voltará a funcionar, segundo João Carlos da Cunha Bastos, superintendente de Coordenação da Operação da Eletronuclear, responsável pela operação das usinas. Ontem mesmo, à tarde, a usina de Angra 1 voltou a ser ligada. A previsão era atingir a potência de 520 megawatts (MW) já nas primeiras horas de hoje.

Entre os meses de junho e agosto, quando alguns acidentes climáticos derrubaram linhas de transmissão, o fornecimento de energia do Estado do Rio foi garantido pelas duas usinas nucleares. Mas o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) garantiu que o fornecimento de energia para o Estado do Rio de Janeiro não está ameaçado pela paralisação de Angra 2.

Transformador reserva já está sendo usado

Além de ter excedentes de energia de usinas hidrelétricas no sistema interligado, caso ocorra um acidente nas linhas de transmissão que trazem energia o Rio poderá ser suprido pelas usinas termelétricas a gás, que têm capacidade total de 4.200 MW.

¿ As usinas nucleares foram usadas na época porque fornecem uma energia mais barata do que as térmicas, que podem ser usadas se for necessário ¿ explicou um técnico do ONS, ao lembrar que, no início do ano, em pleno verão, quando o consumo é elevado, o Rio foi atendido com as duas centrais paradas.

A Eletronuclear afirmou que o incêndio aconteceu fora da usina e da área nuclear. De acordo com a instituição, o fogo foi logo controlado sem causar acidentes com pessoas ou afetar outros equipamentos no local. A Eletronuclear estima uma perda de receita da ordem de R$ 24 milhões por mês, com o desligamento de Angra 2.

O superintendente da instituição explicou que a usina tem três transformadores em operação, cada um com cerca de 300 toneladas, e um de reserva. Mas esse reserva já está sendo utilizado na usina, porque um dos transformadores fabricados pela Siemens do Brasil já havia dado defeito e está sendo consertado.

Desde 2003, informou a Eletronuclear, vêm ocorrendo problemas com esses transformadores da Siemens. Além do que está sendo reparado, um já deu defeito. Caso o transformador incendiado tenha que ser trocado, isso só será possível em meados de janeiro do próximo ano, quando o equipamento que está no conserto ficará pronto.

Linhas de transmissão de Furnas foram desligadas

Em Brasília, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse que enviou ontem mesmo dois fiscais da sua Superintendência de Geração para verificar o que aconteceu nas usinas. A Eletronuclear tem prazo até segunda-feira para enviar explicações completas das causas do acidente ao órgão regulador.

Segundo as explicações dadas pelo ONS à Aneel, no momento do desligamento, Angra 1 e Angra 2 estavam gerando 1.600 MW. Por causa do incêndio das fases do transformador, houve o corte de energia. Como conseqüência, duas linhas de transmissão de Furnas no Rio de Janeiro ¿ Angra/São José e Angra/Grajaú ¿ foram desligadas automaticamente. Apesar disso, ninguém na área de atendimento ficou sem energia. O sistema de transmissão de Furnas foi restabelecido às 4h55m.