Título: Crise na CPI
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 28/11/2005, O Globo, p. 2

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), estão apreensivos com a dispersão dos trabalhos da comissão. Os fantasmas das CPIs do Banestado e do Mensalão, que não tiveram relatório final aprovado, estão tirando o sono de ambos. Eles temem que os trabalhos da comissão sejam tragados pela luta política.

A CPI dos Correios produziu três relatórios parciais. O primeiro, de autoria do relator, com a lista de deputados que receberam dinheiro da agência SMP&B, do empresário Marcos Valério de Souza, no Banco Rural. O segundo, sobre a movimentação financeira, ainda não votado e que foi apresentado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). O terceiro, sobre contratos e licitações, focalizado nos negócios da Skymaster com os Correios, também não votado e de autoria do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

Destes, o relatório de Fruet virou uma dor de cabeça para a CPI. Depois de seis meses de investigação, suas conclusões são consideradas frágeis. Além disso, ao não citar a atuação do valerioduto na campanha eleitoral do PSDB em 1998, em Minas Gerais, acabou dando pretexto para que os petistas acusassem a CPI de parcialidade. A fragilidade do relatório e a omissão de fatos envolvendo a candidatura de Eduardo Azeredo permitiram que os petistas reforçassem o clima de guerra política que cerca os trabalhos da CPI dos Correios.

Para evitar novos problemas, Delcídio e Serraglio decidiram acabar com os relatórios parciais. Querem evitar novos problemas com o sub-relatório do deputado Carlos William (PMDB-RJ) sobre o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) foi consultado e concordou em fazer de seu relatório parcial sobre os fundos de pensão uma prestação de contas. A ordem agora é reforçar o papel do relator-geral, Osmar Serraglio, e acelerar a sistematização das investigações. Para garantir que a CPI dos Correios tenha condições de aprovar um relatório conclusivo, a cúpula da comissão chegou à conclusão de que os trabalhos precisam ser mais focados. A hora do show acabou. O momento é de apresentar resultados. E estes precisam estar muito bem checados, pois do contrário se estará dando argumentos aos que querem criar uma guerra política que inviabilize a aprovação de um relatório final pela CPI.