Título: OFFSHORE FEZ 30 REMESSAS
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 28/11/2005, O País, p. 4

Autoridades angolanas receberam R$4,4 milhões

BRASÍLIA. As investigações sobre os negócios da DS & HA, Banco Rural e o governo angolano começaram no Banco Central ano passado, mas acabaram se cruzando com a apuração sobre os repasses do Trade Link Bank para auxiliares do presidente de Angola, José Eduardo Santos. Na busca pelos tentáculos internacionais do valerioduto, os investigadores do caso descobriram pelo menos 30 remessas do Trade Link, uma offshore com sede nas Ilhas Cayman, para o ministro das Finanças, José Pedro Morais, para o presidente do Banco Nacional, Amadeu de Jesus Castelhano e mais dois integrantes da equipe de Eduardo dos Santos.

Pelos registros do Trade Link, a offshore enviou aproximadamente US$4,4 milhões para Pedro Morais, Amadeu Castelhano e mais dois altos funcionários do governo angolano. O Trade teria sido usado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para remeter R$900 mil para a Dusseldorf, offshore mantida pelo publicitário Duda Mendonça nas Bahamas. Todas essas informações fazem parte de uma frente de investigação nacional e internacional sobre a corrupção envolvendo angolanos e brasileiros.

A corrupção é considerada por organizações internacionais um dos problemas mais graves de Angola. O país é rico em petróleo e diamantes, mas grande parte da população sobrevive com US$2 por dia. Angola também está entre os 17 países com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), escala utilizada pela Organização das Nações Unidas para medir os avanços em saúde, educação e distribuição de renda de cada país.