Título: DEPUTADOS: VALÉRIO DEVE SER INDICIADO
Autor: Jailton de Carvalho e Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 28/11/2005, O País, p. 5

Para parlamentares, já existem provas suficientes contra o empresário

BRASÍLIA. Parlamentares integrantes da CPI dos Correios defenderam ontem uma ação mais efetiva das autoridades judiciais, e até mesmo da própria comissão, contra o empresário Marcos Valério de Souza, apontado como um dos principais responsáveis pelo esquema de mensalão. Reportagem publicada ontem pelo GLOBO mostrou que Marcos Valério, apesar de todas as denúncias nos últimos seis meses e da perda de contratos publicitários com estatais, continua levando uma vida de milionário.

Para integrantes da CPI, já existem provas suficientes de que o empresário teria se beneficiado de acordos ilícitos fechados com o PT e contratos irregulares de suas empresas de publicidade com o governo. Assim, dizem, já poderia estar sendo processado. Embora tenha se queixado dos prejuízos que sofreu, Marcos Valério reforma a casa, anda de carros importados e até contratou uma empresa de segurança para sua família.

¿ Não é possível que ele continue usufruindo da sua riqueza. Depois de tantos meses de investigação, já há provas suficientes contra ele. Eu acho que as autoridades judiciais e policiais têm de tomar alguma medida ¿ afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

Assim como a CPI, o Ministério Público e a Polícia Federal também investigam Marcos Valério. Mas os inquéritos ainda não resultaram em processos judiciais. Para o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), a situação atual do empresário é absurda. Ele defendeu o indiciamento de Valério pela CPI.

¿ Um dos elementos que temos de colocar é o indiciamento dele. Temos de parar com a briguinha política (dentro da CPI) e brigar contra o Marcos Valério ¿ afirmou Paes, relator-adjunto da CPI.

Marcos Valério deverá ser indiciado pela CPI dos Correios, no relatório parcial que o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) deve apresentar antes do início do recesso parlamentar, na primeira quinzena de dezembro.