Título: EX-PROCURADOR DOS EUA NA DEFESA DE SADDAM
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Fonte: O Globo, 28/11/2005, O Mundo, p. 18

Julgamento será retomado hoje com reforço no grupo de advogados do ex-ditador e fortes medidas de segurança

BAGDÁ. Os advogados do ex-ditador Saddam Hussein pedirão permissão ao tribunal iraquiano para acrescentar ao grupo que defende o ex-ditador na corte o ex-procurador-geral dos Estados Unidos Ramsey Clark.

O advogado Khames Hameed al-Ubaidi disse que Clark já está em Bagdá e se reunirá com a defesa na manhã de hoje, dia em que o julgamento do ex-ditador será retomado após quarenta dias de interrupção. Se a presença de Clark não for permitida na corte, ele atuará como conselheiro legal do grupo, disse Ubaidi.

Fontes ligadas ao tribunal encarregado do julgamento disseram que, até ontem, não havia sido feito nenhum pedido oficial para que um advogado internacional se juntasse ao grupo da defesa. Mas, acrescentaram as fontes, se tal pedido for feito, provavelmente será aceito.

Clark foi procurador-geral dos EUA no governo de Lyndon Johnson e nos últimos anos vem atuando como especialista e ativista em direitos civis. O advogado se opôs à invasão do Iraque pelos EUA e esteve com Saddam em fevereiro de 2003, pouco antes do início da guerra.

¿ Meu plano é estar na corte na manhã de segunda (hoje) como um apoio à defesa. Um julgamento justo nesse caso é absolutamente imperativo para a verdade histórica ¿ afirmou Clark.

Depois do assassinato de dois advogados de Saddam, o julgamento do ex-ditador e de sete de seus colaboradores será retomado em meio ao um fortíssimo esquema de segurança, que inclui, entre outras medidas, a blindagem da corte. Se for considerado culpado, Saddam poderá ser condenado à morte.

Quatro estrangeiros seqüestrados no Iraque

Quatro estrangeiros que trabalham para organizações humanitárias no Iraque foram seqüestrados ontem. As nacionalidades não foram confirmadas, mas seriam dois canadenses, um britânico e um americano. Autoridades estão investigando os desaparecimentos. Mais de 100 estrangeiros já foram seqüestrados no Iraque.

O ex-primeiro-ministro do governo provisório do Iraque Iyad Allawi disse que há tanto desrespeito aos direitos humanos hoje quanto sob o regime de Saddam. O atual presidente, Jalal Talabani, desmentiu as acusações.