Título: Furlan critica ação do BC
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: O Globo, 25/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

Para ministro, compra de dólar não segura câmbio

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, criticou a estratégia de compra de dólares adotada pelo Banco Central. Segundo ele, a prática não contém a queda da taxa de câmbio e só faz aumentar os juros e a dívida pública. Ao forçar a demanda por reais, o mercado vende mais caro a moeda brasileira, a juros elevados. Resultado: maior endividamento para o governo e dinheiro caro para exportadores que precisam trocar dólares por reais.

Ao discursar no 25º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), Furlan disse que não tem uma ''palavra de conforto'' para os exportadores por causa da desvalorização. Pelo contrário, o ministro cogita a possibilidade de o país perder o ritmo das exportações.

- É um risco que estamos correndo de ter um crescimento módico do comércio exterior brasileiro no ano que vem e talvez perder uma oportunidade de manter um ritmo quente na exportação brasileira - disse.

Menos entusiasmado, Furlan preferiu manter a meta de exportações para 2006, de US$ 120 bilhões, número próximo aos US$ 117 bilhões deste ano.

- A nossa preocupação é que já existem empresas e setores que estão perdendo o ânimo, embora os números da exportação e da balança comercial continuem ainda positivos - disse.

A solução para a questão do câmbio, diz Furlan, passa pela queda dos juros. Outra hipótese em estudo é o financiamento de embarque em reais para diminuir a oferta antecipada de câmbio. Ele também defendeu a adoção de medidas que eliminem a necessidade do exportador de trocar dólares por reais na execução de capital de giro.

A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e a Fundação de Centros de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) apresentaram proposta de obtenção de conta bancária em dólares. Assim, o mecanismo eliminaria a necessidade de trocar dólar por real caro em função dos juros.

- O Banco Central acaba não tendo influência sobre a trajetória do câmbio - disse. O resultado, segundo o ministro, é o aumento da dívida externa.

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