Título: SOFREMOS FOGO AMIGO DE TUDO QUANTO É TIPO¿
Autor: Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 29/11/2005, O País, p. 3

Marta, em campanha, sai de encontro com Lula pedindo coesão e defesa do governo

BRASÍLIA. Após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem no Palácio do Planalto, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) defendeu a política econômica do governo, mas não quis tomar partido na disputa entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil) sobre o rigor do ajuste fiscal. Condenando o fogo amigo, Marta disse que o PT precisa partir para a ofensiva e defender ¿os êxitos da política econômica¿ e do governo como um todo.

¿O PT vai com tudo para a reeleição do presidente¿

Segundo Marta, o presidente concordou com ela que o fogo amigo é nocivo ao governo, reconheceu que essas divergências atrapalham e fez elogios a Palocci. Marta cobrou dos petistas que assumam a defesa pública do governo, citando como exemplos de programas bem-sucedidos a geração de empregos e os avanços na área social registrados pela Pnad, pesquisa do IBGE que apontou queda na pobreza.

¿ O tema agora é a defesa do governo Lula. Temos que fechar as baterias a favor do governo e cessar o fogo amigo. Temos sofrido um fogo amigo de tudo quanto é tipo e é muito importante que o PT agora se una e faça uma coesão para poder fazer o enfrentamento. O presidente tem essa mesma percepção de que o fogo amigo é nocivo. Temos que pôr os êxitos da política econômica na boca do povo e no PT. Como tenho dito, temos que parar de ajoelhar no milho ¿ disse a petista.

Ao fazer a defesa da política econômica, Marta demonstrou, ainda que indiretamente, apoio a Palocci. Pré-candidata ao governo de São Paulo, Marta terá que disputar a indicação do partido com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), cotado como substituto de Palocci numa eventual troca de titular na Fazenda.

Marta, claramente já em campanha, disse que foi a Brasília prestar solidariedade a Lula no momento em que o governo sofre críticas e se disse favorável a que o partido se esforce pela reeleição do presidente nas eleições do ano que vem:

¿ A gente tem que ir para a rua falar dos êxitos do governo. Vim dizer que estou na luta e que o PT vai com tudo para a reeleição do presidente. Temos que fazer o enfrentamento, sair da defensiva. Cometemos erros, mas o partido internamente tem que aprofundar essa discussão. Mas temos que pegar os êxitos, as conquistas e fazer uma ofensiva, pôr o que o governo conseguiu ¿ afirmou ela.

¿Faço críticas muito sérias ao governo de José Serra¿

Perguntada se ela e Lula trataram da eleição ao governo de São Paulo em 2006, Marta saiu pela tangente, afirmando que sucessão no estado não é o mais importante nesse momento e sim a defesa do governo Lula. Mas a ex-prefeita acabou falando como candidata, fazendo ironias quanto ao comportamento do PSDB no comando da Prefeitura de São Paulo. Ela esteve no Planalto no início da tarde. Foi seu primeiro encontro com Lula depois de iniciada a crise política.

¿ Faço críticas muito sérias ao governo de José Serra, mas fiquei muito contente de ele voltar atrás e resolver fazer os cinco Ceus (Centro Educacional Unificado) na periferia de São Paulo. Todas aquelas críticas que o PSDB fazia não procediam e eles perceberam que o conceito é certo e o povo precisa de coisas boas ¿ afirmou a ex-prefeita.