Título: LEVY DEFENDE GASTOS COM QUALIDADE
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 29/11/2005, Economia, p. 23

Execução do Orçamento exige aprendizado, diz secretário do Tesouro

SÃO PAULO. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem que as dificuldades de diversas áreas do governo de executar os investimentos previstos no Orçamento se devem a um processo de aprendizagem, que teria como finalidade a busca de maior qualidade nos gastos públicos. Para Levy, isso é sinal de amadurecimento e faz com que os investimentos tragam maiores benefícios ao país.

¿ O que está havendo é o seguinte: caiu a ficha em relação ao que significa fazer investimento, que o investimento não é tão fácil, exige esforço e coordenação dentro do governo ¿ disse Levy, que ontem participou do seminário ¿Reavaliação do Risco Brasil¿, em São Paulo

O debate envolvendo áreas do governo e o Ministério da Fazenda, que vem sendo pressionado publicamente para acelerar as liberações de recursos contingenciados do Orçamento, é natural, segundo Levy.

¿ Isso é normal numa democracia. Esse é um processo de aprendizado, de maturidade, que eu acho que vai deixar uma marca importante. Fazer uma despesa de qualidade envolve uma série de passos para ter resultado. Não adianta gastar sem ter resultados, que é o objetivo do investimento.

Meirelles diz que avanços não justificam descontrole

Para o secretário do Tesouro, a afirmação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de que o país pode crescer 5% em 2006 é perfeitamente factível, desde que a austeridade fiscal seja mantida e se avance na reformas microeconômicas. Levy insistiu também na importância de se controlar com maior rigor as despesas correntes do setor público:

¿ A despesa corrente não pode ficar avançando sobre a economia e espremendo todo o resto (do Orçamento). É só isso o que estamos dizendo. Se pudéssemos fazer um corte radical, para reduzi-la no curto prazo, melhor. Mas se isso não for possível, evitar que ela cresça já será um grande avanço.

Presente ao mesmo evento, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender a manutenção das atuais diretrizes da política econômica, como forma de o país alcançar as condições necessárias para o crescimento sustentado.

¿ O fato de termos melhorado porque tomamos medidas corretas, não quer dizer que a partir de agora possamos tomar medidas incorretas e tudo vai ficar bem ¿ disse Meirelles, que fez o encerramento do seminário.

Segundo ele, conquistas como as taxas de inflação convergindo para as metas, a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) declinante e a robustez das contas externas do país são evidências de que não há motivos para mudanças de rumo neste momento.