Título: NOVA MINISTRA ARGENTINA DEVE ESTREAR EM CÚPULA
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 30/11/2005, Economia, p. 33

Felisa Miceli estará com Palocci em Porto Iguaçu, em encontro que discutirá Mercosul e negociação com o FMI

PORTO IGUAÇU, Argentina. A nova ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, deve estrear hoje no cargo, durante o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, na cidade argentina de Porto Iguaçu, onde serão comemorados os 20 anos do encontro entre os ex-presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, pontapé inicial do Mercosul. Segundo fontes do governo argentino, Miceli deve integrar a comitiva argentina que chegará hoje à região da Tríplice Fronteira para participar do evento.

Um dos compromissos da agenda da nova ministra será uma reunião com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, num encontro paralelo ao dos presidentes. De acordo com o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, Lula e Kirchner devem conversar, entre outros assuntos, sobre as difíceis negociações entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Garcia elogiou o acordo entre Argentina e Venezuela que prevê a compra de bônus argentinos pelo governo de Hugo Chávez. Somente este ano, a Venezuela desembolsará cerca de US$1 bilhão para ajudar a Argentina a honrar dívidas.

- Acho muito importante que os países se ajudem, por exemplo comprando títulos - disse Garcia, após um encontro de intelectuais em Foz do Iguaçu.

Agências de notícias argentinas especularam sobre a possibilidade de o Brasil oferecer um socorro econômico à Argentina, nos moldes do acordo assinado com a Venezuela. O assessor de Lula negou ter feito qualquer menção a esse tema.

Miceli foi anunciada anteontem no cargo. Kirchner aproveitou uma reforma de gabinete para demitir Roberto Lavagna, que estava no posto desde abril de 2002. No primeiro dia de ausência de Lavagna, o mercado continuou refletindo a preocupação dos investidores. A Bolsa de Valores caiu 1,5% e os bônus argentinos, mais de 3%.

A ministra reuniu-se com Kirchner na Casa Rosada para analisar a economia. Estimativas do Banco Central da Argentina indicam que o país deverá fechar o ano com inflação de 11%, acima das projeções iniciais do governo.

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Legenda da foto: JORNALISTAS CERCAM a nova ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, na saída de casa