Título: O NOVO PATAMAR DA VIOLÊNCIA
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Fonte: O Globo, 01/12/2005, Rio, p. 17

O ataque ao ônibus em Brás de Pina mostrou mais um patamar da escalada da violência no Rio. Se antes a população era vítima de balas perdidas e dos protestos promovidos pelos traficantes nas vias expressas e nos túneis, agora inocentes viram alvo dos ataques.

¿ A polícia mata no lugar de prender e os bandidos, por sua vez, usam, cada vez mais, a violência ¿ diz Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Violência da Uerj.

Gláucio Soares, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), diz que, em certos casos, não se pode esperar inteligência da polícia, nem limites para o tráfico:

¿ A polícia não é ruim, é heterogênea. Há setores competentes e há a banda podre.

A socióloga Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, diz que, se o estado não reagir logo, haverá outras ações tão ou mais violentas quanto as de anteontem.

Para o presidente da Seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Octávio Gomes, a ação foi uma afronta à sociedade:

¿ Isso foge a tudo, a todas as ações de violência que essa cidade já viu.

Para o coordenador do movimento Viva Rio, Rubem César Fernandes, o atentado muda o foco da guerra pelo poder no tráfico:

¿ Nunca tínhamos visto um ato tão bárbaro.

Em nota oficial, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Sergio Cavalieri Filho, disse que as instituições precisam estar preparadas para reagir. Cavalieri lamentou que nem todos os inquéritos são concluídos: ¿Sem um réu e sem provas, o Judiciário não pode condenar¿.