Título: ANALISTAS VÊEM AVANÇO DE SÓ 2%
Autor: Cássia Almeida e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 01/12/2005, Economia, p. 27

Previsões para PIB no ano ficam abaixo de 3%, prejudicando 2006

SÃO PAULO e RIO. A forte retração da economia levou consultores e empresários a rever para baixo suas estimativas para o PIB no ano. A expectativa é que o crescimento fique entre 3% ¿ metade da média projetada pelo FMI para os países emergentes ¿ e até 2%. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) está revendo sua projeção, que era de 3,5% e deverá ir para menos de 2,5%. Além disso, cresceu o temor em relação ao nível de atividade no início de 2006, quando os efeitos de novas reduções dos juros ainda serão pouco sentidos.

¿ Para a economia crescer 2,5% este ano, terá de crescer 2,2% frente ao mesmo período de 2004 ou 0,8% sobre o terceiro trimestre, o que não será nada fácil ¿ disse Paulo Levy, do Ipea.

O fraco desempenho em 2005 aumenta as apostas de que o nível de atividade, nos primeiros meses de 2006, será pior que o esperado.

¿ O impulso da atividade econômica, no início do ano, será um pouco menor ¿ explicou Levy.

Este cenário deve prevalecer mesmo se o Banco Central acelerar o corte de juros. A economia responde com defasagem a alterações na política monetária.

¿ Há uma inércia natural até que a economia reflita os efeitos ¿ disse o diretor de Economia da Fiesp, Paulo Francini.

A consultoria Tendências, que até setembro projetava 2,8% de alta para o PIB, agora espera entre 2% e 2,5%. A MB Associados, do economista José Roberto Mendonça de Barros, saiu de 3% para 2,6%. Entre as entidades industriais, a estimativa menos otimista é a do Iedi: 2,5%. Depois de começar o ano falando em 3,5%, a Fiesp deve rever a projeção para 2,6% a 2,8%.

¿ Se for 2,6%, 2,7% ou 2,8%, não importa. É tudo uma mediocridade fantástica ¿ disse Francini.

Vendas de papelão e carros caíram no início deste trimestre

As novas estimativas consideram não só a queda do PIB no terceiro trimestre como também os sinais de que a economia, sob o peso dos juros altos, ainda não retomou seu fôlego. Em outubro, por exemplo, o Ciesp apurou queda de 0,02% no nível de emprego. Historicamente, o período é marcado por recuperação do emprego devido às festas de fim de ano.

As vendas de papelão ondulado ¿ usado em embalagens ¿ caíram 2,89% em outubro frente a setembro, e as de automóveis, 1,27%, indicando que o primeiro mês do quarto trimestre não foi muito bom, disse a economista Elisa Pessoa, da Opus Investimentos. Mesmo se a economia crescer até 1% no último trimestre, frente ao terceiro, não vai dar para chamar isso de recuperação, afirmou o diretor-executivo do Iedi, Júlio Gomes de Almeida.

Para o economista-chefe da consultoria GRC Visão, Jason Vieira, um corte de um ponto percentual não deveria ser descartado na reunião do Copom este mês. Apesar da torcida dos empresários, que afirmam que o governo criou um clima hostil para a produção, as consultorias acreditam que o BC pode manter política conservadora para a Taxa Selic. Isto porque mesmo se o IPCA ficar em 5,6%, ainda estará fora da meta de 5,1%.

INVESTIMENTO DECEPCIONA E QUEDA FRENTE A 2004 É DE 2,1%, na página 28