Título: OPOSIÇÃO ATRIBUI RESULTADO A JURO ALTO
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 01/12/2005, Economia, p. 28

Presidente do Senado quer medidas para destravar investimentos no país

BRASÍLIA. A oposição atribuiu às taxas de juros elevadas, à ineficiência e às contradições internas do governo Lula a queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país) divulgada ontem. Senadores do PFL e do PSDB afirmaram que esse resultado pode enfraquecer o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na disputa com a ministra Dilma Rousseff pelos rumos da política econômica.

Ao analisar as causas do que chamou de desastre, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que a heterogeneidade do governo e as concessões feitas para equilibrar forças levaram a uma política econômica excessivamente ortodoxa. Essa combinação, disse, provoca perplexidade e afasta os investimentos do país. Tasso listou ainda como fatores que produziram a queda do PIB o baixo investimento público, o dólar em queda e os juros altos:

¿ Esse PIB marca o fim das esperanças de que o Brasil acompanhe o crescimento do resto do mundo. Definitivamente, o Brasil ficou para trás.

O líder do PFL, senador José Agripino (RN), afirmou que, se o Copom decidisse quatro meses atrás começar a baixar meio ponto percentual a taxa básica de juros, conseguiria recuperar a confiança do mercado e elevar os investimentos. Ele descartou a idéia de que a crise política foi determinante para o resultado.

¿ A crise afeta os mercados financeiros e a bolsa não caiu. A explicação é de ordem técnica ¿ disse Agripino. ¿ O confronto Dilma-Palocci vai recrudescer. Isso vai enfraquecer Palocci e dar força aos gastadores.

Já o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse acreditar que a crise tenha alguma influência nos dados, mas atribuiu o resultado também à falta de marcos regulatórios confiáveis e à administração dos juros.

Para Mercadante, ainda há margem para recuperação

Para o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), entre as razões para o mau resultado estão uma meta de inflação ambiciosa pressionando os juros, o ajuste fiscal severo e a apreciação do câmbio. O senador também incluiu a crise como componente, pela deterioração do ambiente político. Mas mostrou otimismo.

¿ O importante é que há margem para recuperar. Há consistência nas contas externas e margem de manobra nas contas públicas para aumentar investimentos, além do 13º salário.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, defendeu a adoção de medidas para estimular os investimentos e promover o crescimento.

¿ Precisamos fazer qualquer coisa para destravar os investimentos e criar um ambiente mais propício para o crescimento da economia ¿ disse Calheiros.

Já o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, disse que recebeu com tristeza a notícia, mas evitou críticas diretas à política econômica do governo:

¿ Qualquer assunto de retração da riqueza recebemos com certa tristeza. Queremos o nosso país crescendo, porque o isso gera riqueza e distribuição de renda.