Título: PEFELISTA MINEIRO É O PRÓXIMO A ENFRENTAR PROCESSO
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 02/12/2005, O País, p. 9

Roberto Brant recebeu dinheiro da Usiminas na campanha de 2004

BRASÍLIA. O próximo deputado que enfrentará no Conselho de Ética da Câmara um pedido de cassação do mandato será o pefelista mineiro Roberto Brant, sempre citado na Casa como passível de absolvição. Relator do caso, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) vai pedir a cassação do ex-ministro da Previdência do governo Fernando Henrique Cardoso por quebra de decoro parlamentar, por ele recebido R$102 mil da Usiminas para sua campanha a prefeito de Belo Horizonte, em 2004.

O dinheiro foi repassado pela SMP&B, de Marcos Valério. O deputado do PFL não prestou contas desses recursos à Justiça Eleitoral. O caso de Brant deve ser votado no Conselho na terça-feira.

No dia seguinte, o plenário da Câmara vai se reunir de novo para votar o pedido de cassação do mandato de Romeu Queiroz (PTB-MG), já aprovado pelo Conselho de Ética por 12 votos a 2. Queiroz recebeu R$450 mil do esquema de Valério para campanhas petebistas no interior de Minas Gerais e para o PTB nacional. O deputado petebista recorreu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

O relator de seu recurso na CCJ, Paulo Afonso (PMDB-SC), rejeitou os seus argumentos. Como Dirceu, o petebista alegou que teve sua defesa cerceada, entre outros argumentos. A CCJ julga o recurso terça-feira e deverá acompanhar o parecer do relator.

Argumentos de Brant não convencem relator

Nelson Trad não está convencido dos argumentos de defesa de Brant. O deputado do PFL mineiro explicou que o dinheiro que recebeu não foi utilizado em sua campanha eleitoral, mas pagou programas do PFL exibidos antes do período eleitoral. No seu entender, nesse caso não seria preciso prestar contas à Justiça Eleitoral.

Brant disse que recebeu o recurso da SMP&B e que ficou com o dinheiro por um mês. Somente depois, decidiu usá-lo para pagar uma empresa de comunicação de Curitiba, responsável pelo programa do PFL. Mas a nota apresentada pela empresa descreve o serviço prestado em ¿programas eleitorais¿.

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), disse ontem que quer encerrar este ano os processos de Romeu Queiroz e Roberto Brant, no plenário, e de Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT) e João Paulo Cunha (PT-SP) no Conselho. Izar conversou com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para decidir a convocação extraordinária, em 9 de janeiro, para o Conselho de Ética retomar os trabalhos.