Título: CPI rastreia telefones de Barquete e Poleto
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 02/12/2005, O País, p. 10

Números secretos foram comprados em nome de laranja para ex-auxiliares de Palocci em Ribeirão Preto

BRASÍLIA. Os telefones secretos supostamente usados por ex-assessores do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, serão rastreados pela CPI dos Bingos no Senado. O relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), apresentou ontem requerimento para quebrar o sigilo de duas linhas usadas por Vladimir Poleto e Ralf Barquete, que trabalharam com o ministro na prefeitura de Ribeirão Preto, e que, segundo a CPI e a Polícia Federal, foram adquiridas em nome de um laranja, como O GLOBO revelou ontem.

As linhas secretas foram descobertas depois que a CPI localizou o motorista Francisco das Chagas Costa, que prestava serviços aos integrantes da chamada República de Ribeirão Preto quando eles estavam em Brasília. Em depoimento, ele contou que em 2003 Poleto lhe pediu cópias de documentos para que habilitasse um telefone, que passou a servir para o contato entre eles. Informado que outras duas linhas estavam registradas em seu nome, a testemunha reconheceu os números como sendo os usados durante dois anos por Poleto e Barquete.

Localizado pelo GLOBO, o motorista confirmou ontem que os números eram usados pelos ex-assessores do ministro, na gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, e disse que foi enganado por eles:

¿ Nunca soube que estes números estavam em meu nome.

Poleto e Barquete são investigados pela suspeita de traficar influência. A CPI suspeita que os telefones eram usados por eles para contatos com autoridades do governo sem deixar rastros. A comissão também pode convocar o motorista para depor. Poleto não foi encontrado.

¿ É uma denúncia muito grave e os telefones serão rastreados ¿ disse Garibaldi.

Ontem, a CPI aprovou a convocação de outros dois personagens envolvidos no caso dos supostos dólares vindos de Cuba. Foram chamados os empresários José Roberto Kurzweil e Roberto Colnaghi. Kurzweil é dono da locadora que alugou o Ômega preto em que Poleto e Barquete levaram as caixas de uísque com o dinheiro. Já Colnaghi é dono do avião que transportou as mesmas caixas de Brasília para São Paulo