Título: PROTESTO DURANTE ENTERRO
Autor:
Fonte: O Globo, 02/12/2005, Rio, p. 17

Família de gerente de supermercado entrará na Justiça

Parentes de Luís Antônio Carvalho Vieira, de 52 anos, um dos cinco mortos no atentado ao ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá), fizeram um protesto ontem durante o seu enterro no Cemitério de Sulacap. Na hora do sepultamento, o afilhado Adriano, de 15 anos, e Pedro, neto de Luís, também de 15 anos, seguraram uma faixa com a seguinte inscrição: ¿Terrorismo no Rio de Janeiro mata inocentes. Chega de descaso. Precisamos de autoridades competentes¿. A família pretende entrar na Justiça contra a empresa de ônibus e o estado.

A mulher de Luís Antônio, Irene Lima Vieira, estava inconsolável e precisou ser amparada pelo filho, André. Marilena Lima de Sá, sobrinha de Luís Antônio, que era gerente do supermercado Rede Economia, em Brás de Pina, contou que Irene também já foi uma das vítimas da violência. Depois de ser assaltada cinco vezes, a dona-de-casa teve síndrome de pânico e ficou anos sem sair de casa sozinha.

¿ Vamos engrossar a extensa lista da ex-Cidade Maravilhosa. Ele era um pai de família decente, um homem honesto. Agora, vamos nos unir. Estamos todos no mesmo barco. Iguais a esse, podem acontecer outros casos. Estamos sem governo ¿ disse Marilena, na hora do sepultamento do tio.

Filho único do gerente, o vendedor André Luiz Lima Vieira, de 32 anos, contou que o pai raramente andava de ônibus.

¿ Há duas semanas, ele bateu com o carro ao desviar de um carroceiro e o colocou na oficina. Ele tinha embarcado um ponto antes de o ônibus ser atacado por traficantes ¿ contou André.

Ele e a mulher, a promotora de vendas Márcia Gonçalves, de 32, disseram que pretendem entrar na Justiça:

¿ Não importa o tempo que demore. Se eu não receber, fica para os meus filhos. Ou, se for o caso, para os meus netos ¿ disse André.