Título: ESTRATÉGIA DO BC NO CÂMBIO EM XEQUE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 03/12/2005, Economia, p. 34

Para analistas, compra de dólares é contraditória com juro alto e ata do Copom

Depois de ser duramente criticado pela sua política de juros esta semana ¿ quando o IBGE informou que a economia brasileira sofreu uma retração de 1,2% no último trimestre ¿ crescem também as contestações sobre a estratégia do BC no mercado cambial. Para muitos analistas, ao manter os juros excessivamente altos, qualquer tentativa de conter a queda do dólar é, para o BC, um tiro no pé. E pode custar caro.

As compras diretas de dólar no mercado e os leilões de contratos futuros da moeda dão prejuízo ao Banco Central e, por tabela, aos cofres públicos, num ambiente de juros altos, explica Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC. Nas operações diretas, o BC usa reais para comprar dólares. Em seguida, para retirar esse excesso de reais em circulação, o governo precisa vender títulos públicos, que são remunerados pelas altíssimas taxas de juros do país.

A situação é parecida nos leilões de contratos futuros, que dão lucro ao mercado ¿ e prejuízo ao BC ¿ quando o dólar recua mais do que os juros.

¿ O BC só poderia atuar mais agressivo no câmbio se a trajetória de queda dos juros fosse mais rápida ¿ diz Freitas.

Ele lembra que a tática no câmbio é contraditória com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada anteontem. A ata sinalizava que o BC não vai acelerar o corte dos juros nos próximos meses.