Título: BOLSA, RISCO-PAÍS E TÍTULOS BRASILEIROS NO EXTERIOR ATINGEM NOVOS RECORDES
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 03/12/2005, Economia, p. 34

Sem leilão do BC no mercado futuro, dólar fecha em queda de 0,54%

Pelo segundo dia consecutivo, os principais ativos brasileiros ¿ risco-país, títulos da dívida externa e Bolsa ¿ registraram recordes históricos, influenciados pelo forte fluxo de recursos de investidores estrangeiros. A expectativa de aceleração no ritmo de queda dos juros também beneficiou o mercado local. O risco-Brasil caiu 0,91%, para 325 pontos centesimais, e o Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, subiu 0,42%, atingindo a máxima histórica de 124,65% do valor de face.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou com valorização de 0,66%, aos 32.832 pontos. Os papéis do setor de telecomunicações ¿ ainda considerados baratos em relação à média da Bolsa ¿ garantiram a forte alta, com ganhos de até 15% no dia.

O dólar fechou em queda de 0,54%, cotado a R$2,209. Foi a segunda baixa consecutiva da moeda. Após seis leilões de swap cambial reverso ¿ que, na prática, significam compra de moeda no mercado futuro ¿ o Banco Central (BC) comprou dólares apenas no mercado à vista, a R$2,205. Na segunda-feira, o BC faz o sétimo leilão de swap desde que retomou as operações, no dia 18 do mês passado. Serão vendidos 12.500 contratos ¿ cerca de US$600 milhões.

Entre os investidores estrangeiros, não há sinal de redução no apetite por ativos de países emergentes. Em relatório publicado ontem pelo banco Morgan Stanley, pelo analista Franklin Adatsi, explica os motivos da elevada demanda.

Bancos estrangeiros indicam ativos de países emergentes

¿Os títulos da dívida externa de países emergentes continuam a render mais que qualquer outra classe de ativo. Até hoje, trouxeram um retorno de quase 10% no ano, acima dos títulos de alto risco de crédito (papéis de empresas, com ganhos de 1,5%) e do índice S&P 500) da bolsa dos EUA, com rendimento de 4,4% no ano¿. Na avaliação de Adatsi, ¿o mercado deve continuar a trajetória de valorização forte pelo menos até o fim do ano¿.

O banco de investimentos americano Merrill Lynch também está otimista em relação ao Brasil. Em relatório enviado pelo estrategista Tulio Vera a clientes, o banco avalia que os títulos da dívida de Brasil, Argentina e Filipinas devem ter o maior retorno potencial. Os papéis brasileiros respondem hoje por 19,9% da carteira de investimentos do banco ¿ a maior fatia entre os emergentes.

No documento, o estrategista destaca que a variável chave da liquidez entre os emergentes está nas altíssimas taxas de juros reais.