Título: COMBUSTÍVEL SUBIRÁ POR CAUSA DO ÁLCOOL
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 03/12/2005, Economia, p. 38

Usinas sobem preços e consumidor arcará com aumento de até 8% no Rio

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), Gil Siuffo, disse ontem que os preços dos combustíveis devem subir nas bombas, devido à nova temporada de reajuste do álcool. Desde o início da semana, os usineiros cobram das refinarias 8% a 12% a mais pelo litro do álcool anidro, que é misturado à gasolina, o que vai encarecer os preços da gasolina e do álcool hidratado (vendido nas bombas) pagos pelos consumidores.

Pelas contas de Siuffo, a gasolina poderá ter uma alta de 2% a 3% no Rio ¿ R$0,05 por litro ¿ e o álcool hidratado, de pelo menos 8% ¿ ou R$0,13 por litro. Em São Paulo, devido à alta do álcool, os postos de combustíveis já estão cobrando a mais pelos combustíveis. O reajuste varia de R$0,04 (gasolina) a R$0,15 (álcool hidratado), informou o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo, Hélio Pirani Fiorin. No Rio, o litro da gasolina custa cerca de R$2,58 e do álcool, R$1,68.

Os usineiros alegam que a alta é sazonal e deve-se ao fim da safra de cana na região Centro-Sul do país, responsável pelo abastecimento de 60% do mercado nacional. Mas Siuffo e Fiorin disseram que, antes do novo reajuste, os preços do álcool já acumularam alta superior a 40% desde julho.

¿ O aumento é injustificável e faz com que o álcool anidro já custe mais do que o valor da gasolina cobrado pelas refinarias (R$1,30 contra R$0,92). Como o litro da gasolina no varejo já custa algo entre 10% e 15% a mais do que no mercado internacional, a perspectiva é que esta diferença aumente e pressione mais a inflação nos próximos meses¿ destacou Siuffo.

Ele lembrou ainda que, desde o início do ano, as usinas paulistas, que abastecem grande parte do mercado, tiveram o ICMS reduzido à metade, de 25% para 12%¿ melhorando a margem de lucro e tornando excessivo os reajustes.

Mirian Bacchi, especialista dos mercados de açúcar e álcool do Centro de Estudos em Economia Aplicada da USP, disse que o preço do álcool tende a ser mais volátil na entressafra, mas o ritmo de alta dependerá dos estoques das refinarias.