Título: OMC EXIGE ATENÇÃO DE PRESIDENTES DO MERCOSUL
Autor: Eliana Oliveira
Fonte: O Globo, 04/12/2005, Economia, p. 41

Divergências entre Brasil e Argentina darão lugar a discussão de estratégia comum do bloco para Rodada de Doha

BRASÍLIA. Os presidentes do Mercosul se reúnem nas próximas quinta e sexta-feira em Montevidéu com a atenção dividida entre dois temas: resolver as divergências dentro do bloco e articular o avanço das negociações para o encontro ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong, na semana seguinte. O grande desafio é evitar um novo fracasso da Rodada de Doha. As diferenças entre Brasil e Argentina terão de ser deixadas de lado, pois o Mercosul precisa estar unido para enfrentar a resistência dos ricos a abrirem seus mercados para as exportações agrícolas dos países em desenvolvimento.

¿ Estamos em uma situação delicada na Rodada de Doha ¿ admite o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Por outro lado, a cúpula de presidentes ¿ que terá como convidados os líderes dos países da Comunidade Andina de Nações e do Chile, já associado ao Mercosul ¿ será um teste para os novos ministros argentinos. O Itamaraty espera que os novos titulares das pastas de Economia, Felisa Miceli, e Relações Exteriores, Jorge Taiana, não sejam linha-dura como seus antecessores, Roberto Lavagna e Rafael Bielsa.

Na troca de ministros, o Brasil já marcou um ponto. No encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner na quarta-feira, em Porto Iguaçu, os brasileiros conseguiram adiar a conclusão das conversas sobre salvaguardas para 31 de janeiro de 2006. Mas não poderão evitar o adiamento da liberalização do comércio de automóveis, prevista para 1º de janeiro. Os argentinos alegam que não têm condições de competir com o Brasil e, por isso, ainda precisam de cotas.