Título: Desarmamento modelo exportação
Autor: Evandro Éboli e Heliana Frazão
Fonte: O Globo, 12/11/2004, O País, p. 8

O Ministério da Justiça anunciou ontem que o governo argentino está interessado em realizar campanha de desarmamento semelhante à que o Brasil vem fazendo. Técnicos do ministério já apresentaram a autoridades argentinas semana passada em Buenos Aires detalhes da campanha que está em vigência no Brasil. O objetivo da Argentina também é o de reduzir os níveis de violência no país, em especial os casos registrados em conflitos sociais.

A convite do governo argentino, os brasileiros reuniram-se com representantes dos ministérios da Educação e do Interior. Em nota divulgada ontem, o Ministério da Justiça afirmou que a Argentina estava ¿animada com o exemplo bem-sucedido¿ da campanha brasileira.

O ministério divulgou ontem o ranking dos estados que mais recolheram armamentos desde o início da campanha até o último dia 10. São Paulo é responsável pelo recolhimento de 30% (47.672) do total de armas entregues no período, que atingiu 161.573. O Rio está em segundo, com 20.763 armas, seguido de Rio Grande do Sul (12.767), Pernambuco (12.594) e Minas Gerais (9.686). Os estados que entregaram o menor número de armas foram Roraima (187), Amapá (325), Rondônia (466), Tocantins (547) e Acre (619).

Ontem, o Exército incinerou em Curitiba armas apreendidas durante a campanha no estado. As armas foram levadas para um alto-forno e derretidas.

Estudo do Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo (USP) revela que a taxa de mortalidade por uso de arma de fogo cresceu em 20 estados e no Distrito Federal nos anos 90, quando 265.975 pessoas foram mortas por esses disparos no país.

Na Bahia, a polícia de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, descobriu ontem dois pontos de fornecimento clandestino de armas para quadrilhas de assaltantes de cargas, que agem no anel viário da cidade. Em um deles, o armazém Comac, no Centro, os policiais prenderam em flagrante o dono do estabelecimento, Onofre Sacerdote Rocha, de 40 anos, acusado de ser o responsável pela negociação com os bandidos.

Menor denunciou comparsas

Os policiais encontraram três revólveres, 14 garruchas, uma espingarda de fabricação caseira e três mil balas de calibres diferentes. Os policiais chegaram o ponto de venda através da denúncia de um menor, detido no dia anterior, que integra uma das quadrilhas. Segundo ele, o bando é composto por 14 homens, que estão foragidos.