Título: IPEA, DO PLANEJAMENTO, PREVÊ CRESCIMENTO DE APENAS 2,3%
Autor: Luciana Rodrigues
Fonte: O Globo, 07/12/2005, Economia, p. 27

Instituto projeta avanço de investimentos de só 0,9% no ano

RIO e BRASÍLIA. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, ligado ao Ministério do Planejamento) reduziu fortemente sua projeção para o crescimento da economia este ano. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deve crescer só 2,3% em 2005, contra uma estimativa anterior, feita em setembro pelo Ipea, de 3,5%.

O instituto também revisou sua previsão para o ano que vem, quando a alta do PIB deverá ser de 3,4%, e não mais de 4%. As revisões ocorreram após o IBGE ter informado, semana passada, que o PIB sofreu queda de 1,2% no terceiro trimestre.

Na composição do PIB, o setor com pior desempenho este ano será a formação bruta de capital fixo, ou seja, os investimentos feitos por empresas para ampliar sua produção e a construção civil. Segundo o Ipea, os investimentos terão alta de 0,9%, contra uma previsão anterior de 5,3%.

¿ O desempenho da formação bruta de capital fixo e a forte queda nos estoques da economia no último trimestre explicam a nossa revisão ¿ disse o coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural do Ipea, Fabio Giambiagi.

Na sua opinião, as decisões de investimentos foram prejudicadas pela crise política. O diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, acrescenta que o fraco desempenho da construção civil (responsável por 60% dos investimentos) afetou o resultado da formação bruta de capital fixo.

¿ Os juros altos também tiveram efeito, mas não foram o único fator ¿ disse Levy.

Ele citou ainda, para explicar o crescimento aquém do esperado no PIB, a crise agrícola (com a frustração de safra) e um ritmo menor de expansão do crédito. Um estudo do Banco Central prevê que o crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS não repetirá, em 2006, a expansão de 2005, de cerca de 100%. Só para funcionários públicos e aposentados, até setembro, já tinham sido liberados R$18 bilhões.

COLABOROU Patrícia Duarte