Título: Presidente pede ajuda a PMDB para aprovar Orçamento ainda este ano
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 08/12/2005, O País, p. 4

Peemedebistas afirmam, porém, que votação só deverá ocorrer em 2006

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ontem à cúpula do PMDB para que o partido trabalhe pela votação do Orçamento de 2006 ainda este ano. Em reunião no Palácio do Planalto convocada por Lula, o presidente criticou a obstrução das votações conduzida pela oposição e previu que, sem a lei aprovada, não terá recursos para tocar obras importantes.

¿ Isso não atrapalha o governo. Atrapalha os estados, os municípios. Atrapalha o país ¿ queixou-se o presidente aos senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, José Sarney (AP), e Ney Suassuna (PB), e aos ministros Saraiva Felipe (Saúde), Hélio Costa (Comunicações) e Silas Rondeau (Minas e Energia).

Lula disse entender o papel da oposição e lembrou que em 2002, ano eleitoral, a votação da lei orçamentária também atrasou e só ocorreu em março. Ele pediu para que o fato não se repita, mas ressaltou que não pretende convocar o Congresso em janeiro para a votação. Renan não mostrou otimismo:

¿ O presidente disse que não entende o Orçamento como objeto de disputa política. E nós também não. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para votar até dia 15, mas o cenário mais provável não é esse.

Suassuna se dispôs a ajudar:

¿ A preocupação do governo com a votação do Orçamento é muito grande e o presidente Lula quer toda a base mobilizada para essa votação ¿ disse o senador Ney Suassuna. ¿ Nós do PMDB e da base vamos trabalhar para isso. Se não conseguirmos, paciência.

Tucano nega intenção de atrasar investimentos

Líderes e integrantes da Comissão do Orçamento, no entanto, também consideram difícil votar o Orçamento até 31 de dezembro. Seria preciso de um amplo acordo ou o apoio integral da base aliada, esfacelada depois da crise política.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), presidente do PSDB, rejeitou a acusação de que o objetivo da oposição ao empurrar a votação para 2006 seja o de atrasar investimentos.

¿ O Orçamento está incompleto. Há uma série de pleitos que não foram corrigidos ou que não foram contemplados na lei. E assim a oposição não vai votar ¿ afirmou Tasso.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), reclamou:

¿ O governo trata os interesses dos estados e municípios de forma discriminada. Não vou participar dessa farsa (o Orçamento) pela terceira vez nesse governo ¿ atacou Maia.

No encontro com o PMDB, Lula listou como obras que deseja iniciar a refinaria da Petrobras, em Pernambuco, a duplicação de trechos da BR-101, e o pólo petroquímico do Rio.

COLABOROU: Regina Alvarez