Título: Colnaghi confirma que Palocci viajou em seu avião
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 08/12/2005, O País, p. 9
Jato, que teria transportado dólares de Cuba para campanha do PT, teria sido usado ao menos três vezes por ministro
BRASÍLIA. Em depoimento ontem à CPI dos Bingos, o empresário Roberto Colnaghi deixou em situação delicada o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Colnaghi disse que Palocci viajou pelo menos três vezes num jatinho de sua propriedade, o mesmo em que teriam sido transportados dólares vindos de Cuba para a campanha do PT, em 2002. Segundo o empresário, em pelo menos duas oportunidades Palocci usou o avião Sêneca exercendo o cargo de ministro.
A informação contraria nota oficial divulgada por Palocci mês passado, quando o assunto veio à tona. Na nota, o ministro negava ter viajado no avião em 2003 e 2004.
Pressionado pelos senadores, Colnaghi revelou que estava presente em uma das viagens, juntamente com o então presidente do PT, José Genoino. Ele contou que ia de Brasília para Penápolis, em São Paulo, e que Palocci e Genoino pegaram uma carona para Ribeirão Preto. Segundo ele, no meio do caminho os dois pediram para voltar a Brasília e foram atendidos.
¿ Em Ribeirão Preto, eles foram fazer as coisas deles e eu tive que aguardar. Depois, voltamos para a Brasília e só depois fui para a minha cidade ¿ contou Colnaghi, que disse desconhecer os motivos que levaram Palocci e Genoino a mudar o planejamento neste dia.
Para os senadores de oposição, a viagem é suspeita e reforça a necessidade de Palocci se explicar à CPI. O ministro não quis comentar o depoimento.
¿ Considero muito estranha essa viagem. Este avião passou a fazer táxi aéreo para essas pessoas ¿ disse o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB).
O empresário disse ainda que, na campanha eleitoral de 2002, cedeu o avião ¿cinco ou seis vezes¿ para petistas, entre eles o ex-deputado José Dirceu. Mas disse que o fez atendendo ao pedido do amigo de infância Ralf Barquete, ex-assessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto e citado em denúncias de corrupção feitas à CPI. Barquete morreu em 2004.
¿ Cedi (o avião) e não foi ao PT. O Ralf foi meu colega de escola. Eu entrei nessa história mas não tenho nada a ver.