Título: Procurador-geral rejeita o pedido de prisão de Valério
Autor: Carolina Brígido e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 08/12/2005, O País, p. 12

CPI encaminhara a proposta para a Polícia Federal

BRASÍLIA. A tentativa da CPI dos Correios de conseguir a prisão do empresário Marcos Valério fracassou horas após a medida ser pedida à Polícia Federal por integrantes da comissão. O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, disse ontem que não aceitará um pedido de prisão do delegado Luiz Flávio Zampronha, que investiga o caso, porque não há motivo para a prisão.

O procurador-geral é o único com poder de pedir a prisão preventiva do empresário ao Supremo Tribunal Federal , onde tramita o inquérito que apura o mensalão.

¿ Não tenho elementos no inquérito para pedir a prisão. Não estou com essa previsão ¿ afirmou Souza.

¿Essa questão de que tem de prender cria um clima ruim¿

O procurador disse que, se pedir a prisão de Marcos Valério, será com base em fatos surgidos nas diligências feitas no inquérito. Ele minimizou o pedido da CPI:

-¿ A sugestão da CPI não importa. É irrelevante.

Souza fez críticas a integrantes da CPI ao dizer que eles estariam atrapalhando as investigações:

¿ Essa questão de ¿tem que prender¿ cria um clima ruim para o andamento do inquérito. Mas dá notícia em jornal.

Souza ainda minimizou a denúncia de que R$1 milhão do caixa dois do PT foi repassado à empresa Coteminas, do vice-presidente José Alencar:

¿ Todo dia chegam a mim informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Dentro daquele contexto é um fato apenas.

Após receber os dados sobre o depósito do PT na conta da Coteminas, Souza enviou o caso para a Procuradoria da República em Minas Gerais. Ele disse que não manteve a apuração na Procuradoria-Geral porque o caso se limita a uma transação entre um partido e uma empresa.

Antes das declarações de Souza, o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e seu adjunto, Eduardo Paes (PSDB-RJ), se reuniram com o delegado Zampronha, a quem disseram que o empresário estaria tentando atrapalhar os trabalhos da CPI. Zampronha teria dito a eles que a PF já tem dados para pedir a prisão, sem se comprometer a dar encaminhamento à solicitação dos dois relatores da CPI.