Título: LULA: MEDIDAS PARA PIB VOLTAR A CRESCER
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 08/12/2005, Economia, p. 31

Presidente estuda desonerar itens da cesta básica e da construção civil

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já analisa medidas populares ¿ especialmente as de desoneração de produtos da cesta básica e de itens da construção civil ¿ para estimular a economia e reativar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas produzidas no país). A alternativa é estudada porque Lula está convencido de que é preciso adotar o quanto antes uma política mais expansionista, como defende a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Mas, ao mesmo tempo, está atento aos insistentes apelos da equipe econômica de que evite a todo custo qualquer tipo de interferência política nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

As conversas de Lula com os ministros têm como pano de fundo o crescimento negativo do PIB no terceiro trimestre deste ano e a disputa eleitoral em 2006. O presidente já demonstra maior simpatia às propostas da chamada ala desenvolvimentista, com destaque para as do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.

Furlan insiste na edição de uma nova medida provisória com medidas de desoneração da produção e dos investimentos: a MP do Bem 2. Seus pontos fortes seriam a redução de tributos de uma série de itens da construção civil e a ampliação do número de produtos da cesta básica, que também teria impostos reduzidos.

Em sua última conversa com o presidente da República, Furlan aproveitou para defender ainda a desoneração das exportações, destacando que as vendas externas já estão em quase 30% do PIB e que continuam em trajetória ascendente, apesar do câmbio e de outras dificuldades. E mais: o ministro argumentou que as medidas que seriam tomadas não teriam impacto inflacionário.

`Ano de 2005 acabou¿, diz assessor da área econômica

Nos últimos dias, Dilma Rousseff e seus adeptos intensificaram as pressões sobre a área econômica. Segundo fontes do governo, com Furlan e Ciro Gomes, a ministra da Casa Civil esquenta as reuniões da Câmara de Política Econômica e usa a queda do PIB como argumento.

¿ Eles (a ala desenvolvimentista) afirmam que não tem sentido um superávit primário (receitas menos despesas, descontados os juros da dívida) tão grande. Mas não queremos entrar numa aventura e o presidente sabe disso ¿ disse uma fonte da equipe econômica.

Essa fonte lembrou que, por ser ano eleitoral, 2006 será complicado porque, ao contrário do que ocorre normalmente, quando a liberação de recursos se dá no fim do exercício, os gastos e as liberações serão antecipados para o primeiro trimestre. Por isso, as discussões na Câmara de Política Econômica vêm se concentrando no primeiro semestre. Pela legislação eleitoral em vigor, os gastos só podem acontecer até o final de junho.

¿ O ano de 2005 acabou. Agora é 2006 ¿ disse um assessor da área econômica.