Título: SADDAM SE RECUSA A IR AO TRIBUNAL
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Fonte: O Globo, 08/12/2005, O Mundo/ Ciencia e Vida, p. 36
Julgamento é suspenso até o dia 21. Co-réu reclama de comida e cigarros na prisão
BAGDÁ. Em meio a reclamações de réus acusados de crimes contra a Humanidade acerca da comida da prisão ou da qualidade dos cigarros distribuídos aos detentos, o ex-ditador Saddam Hussein cumpriu a promessa do dia anterior e se recusou a comparecer ontem ao tribunal onde está sendo julgado em Bagdá. O juiz Rizgar Amin ¿ que Saddam mandou ir ¿para o inferno¿ na sessão de anteontem ¿ decidiu levar adiante os depoimentos das testemunhas de acusação antes de suspender o julgamento até o dia 21 de dezembro, após as eleições parlamentares da próxima semana.
Suspensão já era prevista por causa de eleições
A suspensão foi a terceira desde o início do julgamento em 19 de outubro, mas já era esperada por causa das eleições. Ontem, mais duas testemunhas relataram o que ocorreu com moradores da aldeia xiita de Dujail após ela ter sido palco de um atentado fracassado contra Saddam em 1982.
¿ Vi alguém ser morto, torturado até a morte pelos guardas ¿ contou uma testemunha por trás de uma cortina.
Por sua vez, Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam e ex-chefe da polícia secreta também acusado do assassinato de 148 homens em Dujail, reclamou de seu tratamento na prisão. Segundo ele ¿ que teria perdido 18 quilos ¿ por um ano não lhe deram chá ou café e só lhe dão cigarros de má qualidade.
Em outro episódio, pistoleiros seqüestraram o filho de 8 anos de um dos guardas do tribunal onde Saddam está sendo julgado. Não ficou claro se o seqüestro tem alguma relação com o julgamento. Por sua vez, a filha de um dos quatro funcionários ocidentais levados por pistoleiros e ameaçados de execução se presos iraquianos não forem libertados hoje fez um apelo por sua vida.
Em Kirkuk, 15 homens armados vestindo uniformes da polícia entraram num hospital, mataram três guardas e feriram outros cinco para libertar um preso em tratamento no local. Segundo o brigadeiro Sarhat Kadir, o fugitivo fora ferido e preso na noite anterior ao ser flagrado tentando plantar uma bomba à beira de uma estrada. O brigadeiro negou ter dito, como foi noticiado, que o preso estava ligado a um complô para assassinar o juiz que preparou o julgamento de Saddam Hussein. No entanto, o coronel Adel Zain Abideen, da polícia iraquiana, confirmou a informação de que o homem estava realmente implicado numa conspiração contra o magistrado.
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