Título: PETROS ESTUDA MEDIDAS JURÍDICAS CONTRA CPI
Autor: Nico de Paula
Fonte: O Globo, 09/12/2005, O País, p. 10

Fundo diz não ter tido direito de defesa em relatório que apontou perdas de R$64 milhões

A direção da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, estuda a possibilidade de adotar medidas jurídicas contra o relatório da CPI dos Correios que apontou perdas de R$64 milhões em operações do fundo com títulos públicos e na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), no período de 2000 a 2005. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), sub-relator da comissão, apontou irregularidades em operações de 14 fundos de pensão com perdas totais de R$780 milhões. A queixa da Petros é não ter tido direito de defesa.

¿ A CPI dos Correios e o deputado ACM Neto estão agindo assim: estou desconfiado, falo para todo mundo. Sai na imprensa e faz a investigação, vê que não é nada, não fala, não pede desculpas. Os fundos foram jogados num mar de lama com esse relatório com pouco critério técnico, parcial, sem ouvir os fundos, sem direito de defesa ¿ reclamou o presidente da Petros, Wagner Pinheiro.

A Petros diz que, mesmo depois do vazamento do relatório, continua com dificuldade de se defender porque o documento não especifica as operações usadas para chegar aos R$64 milhões nem os critérios utilizados. A direção do fundo decidiu contratar uma consultoria técnica para ajudar a decifrar o relatório e vai enviar uma carta à CPI pedindo explicações sobre o texto. Os dirigentes argumentam que os dados foram obtidos por quebra de sigilo e não poderiam ser divulgados.

ACM Neto ameaça processar dirigentes da Petros

Para assegurar que a Petros não sofreu perdas, os diretores apresentam números que mostram que a rentabilidade do fundo de 2002 a 2005 foi de 71,5%, superando a da meta atuarial, que era de 42,5%. Alguns diretores admitem que pode ter havido perdas em algumas operações sem que isso fosse suficiente para afetar o resultado global. Mas Pinheiro diz que tais perdas não ocorreram.

Em Brasília, ACM Neto ameaçou processar, por crime de calúnia e difamação, dirigentes da Petros que teriam dito que a família Magalhães estaria a serviço do banqueiro Daniel Dantas, que teve uma disputa judicial com os fundos pelo controle da Brasil Telecom.

¿ Se houver constatação de injúria ou difamação, estarei pronto para recorrer às vias judiciais ¿ afirmou.