Título: Lula: país crescerá 4,5% ou mais no ano
Autor: Gerson Camarotti e Rogério Louro
Fonte: O Globo, 12/11/2004, Economia, p. 24

Durante inauguração das obras de ampliação do aeroporto de Petrolina ontem à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou os pessimistas de dentro e fora do governo, que segundo ele diziam que a economia só cresceria 3% este ano. Agora, disse Lula, essas pessoas buscam explicações para suas previsões, já que o país crescerá 4,5% ou mais em 2004. Lula citou números positivos da economia e disse que as exportações devem chegar ao novo recorde de US$ 100 bilhões nos próximos meses:

¿ Os pessimistas que diziam que a economia só cresceria este ano 3%, inclusive no governo, devem agora estar procurando explicações, porque vamos crescer 4,5% ou mais.

Presidente descarta `vôo de galinha¿ na economia

Lula assegurou que o Brasil crescerá nos próximos anos. Com isso, poderá ser recuperada a dívida social que acumulou em 40 ou 50 anos com o povo brasileiro. Ele disse que, em 22 meses do seu governo, o país voltou a se desenvolver:

¿ Este país finalmente encontrou o caminho do desenvolvimento. Não aquele desenvolvimento que se chama vôo de galinha. Aquele que cresce um ano e decresce no ano seguinte. O Brasil merece a chance de ter um ciclo de crescimento sustentável.

O presidente citou números dos últimos 12 meses que, segundo ele, mostram que o país está no caminho certo. Como o crescimento da indústria, cujas vendas subiram 15,63% e a massa salarial, 11,09%.

Lula ressaltou o crescimento do número de carteiras assinadas no país nos nove primeiros meses do ano que, de acordo com ele, é maior do que o do melhor momento do Plano Real.

¿ Devemos atingir a marca dos U$ 100 bilhões exportados, o maior recorde de toda a história do nosso país.

Lula, porém, afirmou que o país precisa ter eficiência para vender os seus produtos.

¿ Nesse mundo globalizado, ninguém dá colher de chá. Ninguém vai comprar do Brasil porque tem criança de rua, prostituição infantil e analfabeto. As pessoas vão comprar quando a gente souber melhorar a qualidade dos produtos e tivermos ousadia de vendê-los com muita força.

Lula diz que crescimento é para distribuir renda

De manhã, em Porto Real, no Sul Fluminense, onde participou da cerimônia de início de produção da caminhonete Peugeot 206 SW na fábrica da PSA Peugeot Citroën, Lula disse que o aumento das exportações do país não vai ¿matar o mercado interno¿. Ele fez discurso incisivo defendendo o crescimento conjunto das exportações com o mercado doméstico.

¿ O grave é que no Brasil, há um tempo atrás, quando se definia fazer política de exportação, matava-se o mercado interno. Quando se pensava em fortalecer o mercado interno, matava-se a exportação. Queremos provar que é possível o crescimento das nossas exportações de mãos dadas com o do mercado interno.

Afônico, o presidente chegou a pedir ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, para falar pelo governo. Mas depois resolveu ¿dizer umas palavras¿. A fórmula para incentivar a expansão equilibrada das vendas internas e externas, disse Lula, passa pelo projeto de Parceria Público-Privadas (PPP).

¿ Estamos convencidos que a demora da aprovação da PPP no Congresso é pela preocupação que alguns têm de que elas possam ser a fundamentação para o desenvolvimento do país. É importante que seja aprovado o projeto no Senado.

O presidente defendeu ainda uma política industrial sólida e de longo prazo, pensando num período de 15 ou 20 anos.

¿ Muita gente só consegue pensar o país durante o mandato; terminou o mandato, não conseguem visualizar uma cidade, um estado ou um país.

Já o presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, o francês Jean-Martin Folz, incentivou Lula a manter a política de integração comercial do Mercosul para ajudar o país a crescer. Lula afirmou estar convencido de que a política de integração da América do Sul vai projetar o Brasil para ser o país do século XXI, da mesma forma que já acontece com a China.

¿ Entramos numa fase de crescimento. E achamos que o crescimento tem que ser para fazer justiça social, com distribuição de renda.