Título: Dinheiro pago a firma de vice estava no cofre do PT
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 10/12/2005, O País, p. 11

Afirmação foi feita por Delúbio, que disse à PF que o R$1 milhão não estava registrado e não poderia ser aplicado

BRASÍLIA. Em depoimento de cerca de quatro horas na Polícia Federal ontem, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares voltou a dizer que o R$1 milhão pago pelo PT à empresa Coteminas, do vice-presidente José Alencar, era dinheiro de caixa dois e saiu dos empréstimos supostamente feitos ao partido pelo empresário Marcos Valério. Segundo policiais, Delúbio contou que recebeu R$4,9 milhões do valerioduto e que R$1 milhão estava guardado no cofre do PT em São Paulo. Delúbio alegou que guardou R$1 milhão no cofre porque se tratava de recursos não contabilizados e que, portanto, não poderia investi-lo em instituições financeiras.

Delúbio disse que sofreu pressão da Coteminas para pagar os débitos de R$12 milhões com camisetas para as eleições de 2004. Mas não disse que essa pressão foi feita por Alencar. Informou ainda que, sem consultar ninguém do partido, decidiu quitar parte de dívida. Delúbio pediu à responsável pelo cofre do PT, Solange Pereira, que tirasse o dinheiro e entregasse a Marice Corrêa de Lima, responsável no partido pelos contatos com a Coteminas.

Os investigadores mostraram a lista que detalha os beneficiários dos empréstimos, num total de R$55,2 milhões, apresentada pelo empresário Marcos Valério. Delúbio voltou a dizer que não tinha controle rígido dos gastos e dos repasses e não se lembrava dos nomes de parlamentares ou assessores beneficiados, apenas que os repasses foram feitos a partidos aliados.

Além do pagamento de R$1 milhão à Coteminas, Delúbio disse recordar-se do pagamento de cerca de R$500 mil ao advogado Aristides Junqueira, que atuou em defesa de petistas no caso Santo André. E que o restante do dinheiro do PT usou para pagamentos diversos.