Título: DÓLAR TEM 3ª ALTA CONSECUTIVA E FECHA A R$2,252 DEVIDO A COMPRAS DE BANCOS
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 10/12/2005, Economia, p. 36

Atuação do Banco Central nos mercados à vista e futuro também contribuiu

O dólar subiu ontem pelo terceiro dia consecutivo e fechou próximo à máxima do dia (R$2,255) devido a compras mais fortes das tesourarias dos bancos no mercado de câmbio. A moeda americana fechou em alta de 1,21%, cotada a R$2,252 para venda. Nos últimos três dias, a chamada posição vendida dos bancos ¿ que significa, na prática, uma aposta das instituições na queda do dólar ¿ superou os US$4 bilhões. Em outubro, era de US$1,2 bilhão e, em novembro, chegou a US$3,6 bilhões. Diante da atuação mais agressiva do Banco Central (BC), que tem feito leilões diários nos mercados de câmbio futuro e à vista, e do crescimento acelerado da exposição do mercado a uma queda do dólar, as tesourarias começaram, desde quarta-feira, a reduzir significativamente essa vulnerabilidade, comprando moeda, o que pressionou as cotações.

Somado a isso, começaram a circular rumores de que o BC poderia adotar medidas adicionais para reduzir a volatilidade do mercado de câmbio e, conseqüentemente, a queda forte do dólar. Analistas comentaram sobre a possibilidade de a autoridade monetária impor limites à posição vendida dos bancos ou mesmo criar mecanismos para estimular a compra de dólares no mercado futuro.

Rumores à parte, o BC tem sido mais agressivo nas suas atuações no mercado de câmbio. Após um mês e meio de compras de dólares quase diárias, retomou os leilões de swap cambial ¿ na prática, uma compra de dólares no mercado futuro ¿ interrompidos no início do ano. A atuação começou com a oferta de oito mil contratos (o equivalente a US$387 milhões) e ontem chegou a 12.500 contratos. No entanto, ontem, do total ofertado, o BC vendeu apenas 8.600 contratos (US$410,9 milhões). Ontem, a autoridade monetária comprou moeda à vista por até R$2,217.

Leilões de ¿swap¿ teriam movimentado US$9,4 bi

Segundo Hélio Ozaki, gerente de câmbio do banco Rendimento, o mercado comenta que apenas nas operações com swaps cambiais, o BC já teria movimentado o equivalente a US$9,4 bilhões no mercado.

¿ Percebendo esse poder de fogo maior do BC e a elevada vulnerabilidade do próprio mercado com um volume crescente de posições vendidas, os investidores começaram a se proteger: bancos e fundos de risco começaram a comprar dólares. E, num mercado que antes só tinha no BC o maior comprador, o efeito foi um só: uma forte alta da moeda ¿ explica o economista Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio.

¿ Ficar tão exposto a uma queda do dólar num momento em que o BC aumenta a carga é perigoso e pode representar um prejuízo enorme às tesourarias dos bancos ¿ diz Henrique de la Rocque, gestor da Meta Asset Management.

Nos demais mercados, o dia foi de correção nos preços dos ativos, após o mau desempenho nos dias anteriores. O risco-Brasil recuou 2,47%, para 316 pontos centesimais, e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,36%.