Título: MORRE O DEPUTADO RICARDO FIÚZA, MINISTRO DE COLLOR E LÍDER DO CENTRÃO
Autor: Leticia Lins
Fonte: O Globo, 13/12/2005, O País, p. 8

Lula diz, em nota, que teve relação leal e respeitosa com vice-líder do PP

RECIFE. O vice-líder do PP na Câmara dos Deputados, Ricardo Fiúza (PP-PE), morreu ontem em sua casa, no bairro de Boa Viagem, em Recife. Ele se licenciou do cargo há seis meses para tratar de um câncer no pâncreas. Seu velório foi feito no plenário da Assembléia Legislativa, de onde seria levado no fim da noite de ontem para a capela do Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana, onde o sepultamento ocorrerá às 11h de hoje.

No governo Fernando Collor, Fiúza foi ministro da Ação Social e chefe da Casa Civil. Pouco depois, teve seu nome envolvido no chamado escândalo dos anões do Orçamento, mas não chegou a ser indiciado. Na Assembléia Constituinte, em 1988, Fiúza liderou o chamado centrão, bloco conservador que reunia 300 deputados e senadores.

Lula, em nota, lamenta morte de deputado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou ontem, em nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a morte de Fiúza. Apesar de Lula ter sido um dos líderes da oposição na época da Assembléia Nacional Constituinte, o presidente disse que teve ¿uma relação leal e respeitosa¿ nessa ocasião com Fiúza. ¿Recebo com pesar a notícia da morte do deputado federal Ricardo Fiúza, do Partido Progressista, parlamentar com quem tive uma relação leal e respeitosa no decorrer dos trabalhos do Congresso Constituinte¿, diz a nota.

Fiúza, que tinha 66 anos, morreu pouco depois das 15h, em companhia de parentes. Em junho, já bastante debilitado, recebera a visita do presidente Lula.

Este era o seu oitavo mandato na Câmara dos Deputados, para onde foi eleito pela primeira vez em 1971, pela Arena, partido de sustentação do regime militar. Também foi do PDS, do PFL e agora estava no PP.

¿ Não sou de direita nem de esquerda e nem aceito rótulos disso ou daquilo. Sou um político liberal. Meu compromisso é com a construção de uma sociedade justa, democrática, moderna e desenvolvida ¿ dizia Fiúza.

O governador Jarbas Vasconcelos elogiou Fiúza.

¿ Foi um extraordinário companheiro político. Ele tratava as coisas com uma profunda seriedade, com uma lealdade extrema.

O prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva (PT), também elogiou Fiúza:

¿ Foi uma pessoa que ao longo do seu mandato tentou contribuir com o crescimento de Pernambuco e do Nordeste.

Segundo o cientista político Michel Zaidan, da Universidade Federal de Pernambuco, Fiúza era um político polêmico que sabia ficar em evidência.

¿ Depois do seu envolvimento com os anões do Orçamento, ele sumiu. Reapareceu quatro anos depois com nova roupagem: magro e sem bigode. Reabilitou-se politicamente na relatoria do novo Código Civil, que é pífio. Como empresário, sua vida também é polêmica, porque virou agropecuarista com a ajuda de tráfico de influência através de financiamentos oficiais da Sudene.