Título: CONVOCAÇÃO PODE ACELERAR CASSAÇÕES
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 13/12/2005, O País, p. 8

Segundo Izar, só Queiroz será julgado este ano

SÃO PAULO. O deputado Ricardo Izar (PTB-SP), presidente do Conselho de Ética da Câmara, recusou-se ontem a dizer quantos parlamentares deverão ser cassados, mas voltou a afirmar que a conclusão dos processos contra os envolvidos na denúncia só deve ocorrer em 2006. Segundo Izar, dos 11 processos contra deputados envolvidos no mensalão, apenas um, o de Romeu Queiroz (PTB-MG), será concluído antes do recesso parlamentar.

¿ Eu não gostaria de dizer (quantos serão cassados). Nós temos ainda 13 processos. Desses, 11 são do esquema do mensalão, aquele problema todo do Banco Rural, do Banco de Minas Gerais. Esses 11 processos estão bem adiantados, com exceção de um, do deputado José Janene, que está hospitalizado. Se nós não formos convocados (extraordinariamente), tenho certeza que a partir de 15 de fevereiro já poderemos ler os relatórios de pelo menos sete ou oito processos.

Segundo Izar, até amanhã será votado o processo de Queiroz.

¿ Os outros todos ficarão para o ano que vem. Isso se nós não formos convocados. Se formos convocados alguns casos serão resolvidos já em janeiro.

Durante encontro com empresários do grupo Pensamento Nacional das Bases Empresariais (PNBE), o presidente do Conselho de Ética disse que tem fugido de seus colegas da Câmara para evitar pressões que, segundo ele, ocorrem até em forma de ameaças.

¿ Preciso trabalhar, não posso ficar só atendendo deputado. Então, logicamente a gente evita esse contato. É até constrangedor um deputado vir, chorar. Então evitamos isso.

O presidente do Conselho de Ética disse que a pressão dos deputados não dará resultado.

¿ São diversos tipos de pressão: a sentimental, em que o deputado chega, pede, chora. Mas tem outros ameaçando, dizendo que vão inventar uma história a meu respeito, que vão procurar saber da minha vida. Isso é normal. Isso não é só dos deputados que estão sendo julgados, talvez até de outros deputados, de grupos políticos ¿ disse Ricardo Izar.