Título: Renan diz que governo quer `dar férias à crise¿
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 13/12/2005, O País, p. 8

Presidente do Senado se reúne com líderes para discutir convocação; objetivo é votar Orçamento e garantir trabalho das CPIs

SÃO PAULO. Antes da reunião que terá hoje em Brasília com líderes no Congresso para elaborar a estratégia que garanta a votação do Orçamento e o trabalho das CPIs e do Conselho de Ética, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que não apoiará o governo, que, segundo ele, quer ¿dar férias à crise¿ no recesso parlamentar previsto para este mês.

¿ Se o governo pensa no recesso para dar férias à crise, para paralisar investigação ou para não dar prosseguimento ao julgamentos dos acusados, não vai contar comigo nessa pretensão ¿ afirmou Renan.

Izar diz que é impossível evitar despesa da convocação

Renan vai se reunir hoje às 11h com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), líderes dos partidos, representantes do Conselho de Ética e relatores das CPIs para decidir se haverá a convocação durante o recesso. Segundo o presidente do Senado, o período extraordinário seria, sobretudo, para garantir a votação do Orçamento.

¿ A disputa política é legítima, mas o Orçamento não pode ser a próxima vítima ¿ afirmou. ¿ O preço político maior seria a não-convocação. O país não pode parar.

Ontem de manhã, antes de viajar para Brasília, o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que é impossível evitar a despesa da convocação extraordinária.

¿ Sempre pedi a convocação sem remuneração. Mas não há possibilidade legal de uma convocação não-remunerada. Então, estou pedindo a possibilidade de o Conselho trabalhar no recesso. É muito importante pelo menos ouvir as testemunhas, porque ainda restam 30 para serem ouvidas ¿ disse Izar.

¿Lula pediu empenho na votação do Orçamento¿

Nesta semana, Izar quer ouvir cerca de dez testemunhas.

¿ Ficarão 20 testemunhas para janeiro e fevereiro. E tem muito documento ainda para ser analisado e os relatores precisam disso. Caso contrário, nós vamos trabalhar informalmente em janeiro e em fevereiro vamos nos reunir ¿ disse o presidente do Conselho de Ética.

Como considera prioritária a votação do Orçamento, o presidente do Senado acena com várias possibilidades: continuar os trabalhos do Congresso até o dia 30 deste mês, encerrar o ano no dia 15 e convocar os parlamentares para 10 de janeiro ou fazer uma convocação permanente. Ele disse que já conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, para que fossem criadas as condições políticas para votar o Orçamento.

¿ Nessa conversa, o presidente Lula pediu empenho na votação do Orçamento, mas disse que não iria convocar o Congresso ¿ disse Renan.

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