Título: BRT RECORRE À CVM CONTRA OPPORTUNITY
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 13/12/2005, Economia, p. 22
Companhia acusa banco de prejuízos que ultrapassam R$360 milhões
BRASÍLIA. Em representação encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Brasil Telecom (BrT) fez ontem dez acusações contra o banco Opportunity, que geriu a empresa desde a privatização do Sistema Telebrás, em 1998, até o terceiro trimestre deste ano. Segundo a companhia, estas ações somam R$361,9 milhões de prejuízo, além de outros R$8,3 milhões referentes a conflito de interesses com fornecedores, devido a gastos com a agência de viagens Kontik, que tinha como diretora Mônica Valente Guimarães Dantas, irmã de Daniel Dantas, o dono do Opportunity. A BrT disse ainda que entrará na Justiça contra o banco.
Também estão sendo questionados serviços prestados pelas agências de publicidade SMP&B e DNA, do empresário Marcos Valério ¿ envolvido no escândalo do mensalão. A denúncia à CVM foi assinada pelo diretor financeiro da BrT, Charles Putz, um dos executivos nomeados pelos fundos de pensão e o Citigroup, após acordo de acionistas que destituiu Dantas e a equipe nomeada por ele do comando da operadora.
Em um dos casos, a BrT já entrou na Justiça de Belo Horizonte, que está analisando a possibilidade de a empresa ser ressarcida em R$66 milhões pelo Opportunity, devido a despesas do Consórcio Voa. Segundo o advogado da BrT Francisco Costa e Silva, não existe comprovação de que a companhia ou seus executivos usassem os aviões do consórcio, embora a BrT bancasse as despesas. A BrT é a cotista majoritária do Voa, com 70%, e o Opportunity era o seu gestor com apenas 3,3% do capital.
O Opportunity teria comprado ainda participação na Telemig Celular e na Amazônia Celular com recursos da BrT, segundo o advogado. Para isso, a operadora teria investido US$43 milhões no fundo Telecom Capital Fund (TCF), que comprou notas promissórias da empresa Highlake ¿ controlada pelo Opportunity.
O Opportunity disse em nota que tomará as medidas judiciais cabíveis, ¿inclusive criminais contra as afirmações mentirosas de Charles Putz¿. Diz a nota: ¿Não é uma mera coincidência que as acusações venham na véspera de uma decisão judicial que tem como ponto central o controle da Brasil Telecom¿. O banco diz que, durante a sua gestão, a BrT foi escolhida como uma das dez empresas de capital aberto mais transparentes do Brasil entre 2002 e 2005.