Título: Oposição racha e CPI troca de novo convocação por convite a Palocci
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 14/12/2005, O País, p. 4

Isolado, PFL fica sem os votos suficientes para aprovar o requerimento

BRASÍLIA. Nos últimos dias de funcionamento da CPI dos Bingos antes do recesso parlamentar, a oposição rachou e acabou livrando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de prestar depoimento à comissão ainda este ano. Isolado, o PFL não teve votos suficientes para aprovar a convocação de Palocci e foi obrigado a recuar, renovando para a primeira semana após a retomada dos trabalhos o convite para que o ministro compareça espontaneamente à comissão.

Mais uma vez o fiel da balança foi o PSDB, que quer evitar a todo custo ser responsabilizado por novos distúrbios na economia. Na avaliação do partido, o fogo amigo de dentro do governo e do PT se encarregará sozinho de enfraquecer ainda mais o ministro. Derrotado, o PFL conseguiu negociar, via senador Antônio Carlos Magalhães (BA), uma carta em que Palocci diz à CPI que não atendeu ao convite da comissão por falta de tempo, mas que continuará à disposição.

Senadores pefelistas tentam disfarçar derrota

O documento foi divulgado durante a sessão de ontem, em que os senadores do PFL se esforçaram para disfarçar a derrota:

¿ O senhor (Efraim Morais, presidente da CPI, do PFL) sai muito prestigiado com essa carta. Deve compreender a posição do ministro que tem afazeres profissionais ¿ disse ACM, que, pessoalmente, concorda com a tese do PSDB.

Há três semanas, Efraim Morais selou um acordo com Palocci transformando sua convocação em um convite. Com a quebra do compromisso, o presidente da CPI decidiu jogar pesado contra o ministro. Ontem, derrotado, Morais baixou o tom de suas declarações:

¿ A missão da CPI não é derrubar ministro, e sim apurar as denúncias ¿ disse ele.

Já o líder do PFL, senador José Agripino Maia, esforçou-se para manter o discurso do partido nas últimas semanas:

¿ Não há hipótese de o ministro não vir.

Ontem, os senadores do PSDB que participam da CPI desde o início sequer foram à sessão. Eles evitam tratar do assunto publicamente, até porque podem mudar de posição novamente em 2006, ano eleitoral, dependendo do cenário político.

PT mantém o discurso de conciliação

Já o PT manteve o discurso de conciliação, com o senador Tião Viana (AC), principal articulador do governo na CPI, garantido que Palocci não vai se esquivar da comissão no ano que vem.

¿ Ele (Palocci) pode vir no início do ano legislativo, com convocação ou não ¿ afirmou Tião Viana.