Título: Congresso deve se autoconvocar
Autor: Isabel Braga e Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 14/12/2005, O País, p. 9

Contrário à medida, que custará R$50 milhões, Aldo ficou isolado

BRASÍLIA. O governo perdeu a queda-de-braço no Congresso e hoje a autoconvocação do Congresso durante o recesso de janeiro deverá ser anunciada pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O anúncio só não foi feito ontem porque, mesmo pressionado por Renan, pelos líderes dos partidos no Senado e pela oposição, Aldo pediu um dia para tomar sua decisão.

Contrário à medida, Aldo ficou praticamente isolado na medida em que a não-convocação só foi defendida na reunião pelo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os líderes de PT, PL, PSB e PSOL. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), para irritação de Aldo, abandonou a reunião de líderes que tratava do assunto sem se manifestar.

A autoconvocação custará aos cofres públicos cerca de R$50 milhões. Só com o pagamento de dois subsídios extras aos 513 deputados e 81 senadores serão R$15,2 milhões. Os líderes rejeitaram proposta do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), apoiada por Luciana Genro (PSOL-RS), de mudar o regimento das Casas para que os parlamentares não recebessem remuneração extra.

Sessão extraordinária deve ser a partir de 16 de janeiro

Renan e Aldo devem decidir hoje a data da autoconvocação. Há várias alternativas, mas a mais provável é a que prevê a sessão extraordinária a partir de 16 de janeiro.

O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), comprometeu-se, na reunião com os líderes, a votar 8 dos 11 processos pendentes se houver a convocação.

Os partidos que apóiam a emenda que acaba com a verticalização jogaram a toalha ontem depois de concluírem que não têm os 308 votos necessários. Reunidos no gabinete do líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), eles contabilizaram de 290 a 311 votos a favor da emenda e tomaram a decisão de não submetê-la a votação este ano.