Título: PERGUNTADO SE É CANDIDATO, ALCKMIN DIZ: `SOU¿
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 14/12/2005, O País, p. 10

Governador assume que quer tentar a Presidência e defende seu estilo: `O chuchu aqui teve 12 milhões de votos¿

SÃO PAULO. Sem meias palavras, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assumiu definitivamente sua pré-candidatura à Presidência da República. Entrevistado no ¿Roda Viva¿, da TV Cultura, anteontem à noite, Alckmin foi claro ao responder se era candidato a presidente da República no ano que vem: ¿Sou¿. Foi mais evasivo, porém, sobre a batalha que deverá travar com o prefeito de São Paulo, José Serra, pela indicação do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Perguntado se considera inadmissível o prefeito abandonar o posto antes do fim do mandato, Alckmin brincou:

¿ Vocês querem me intrigar com o Serra ¿ disse, rindo, para acrescentar que o partido só escolherá seu candidato em março do ano que vem.

Alckmin promete realizar reformas

Alckmin lançou a plataforma que vai orientar sua pré-campanha: realizar as reformas que o governo Lula não fez e promover mudanças na política econômica. Com críticas ao excessivo gasto de dinheiro público e à carga tributária, o governador disse que o governo Lula não sabe aproveitar oportunidades:

¿ A política econômica está errada. Como não tem credibilidade nem confiança, a política econômica está sendo monitorada de forma errada. Se pudesse definir o governo Lula, definiria como um governo de perda de oportunidades. Os juros estão errados.

Perguntado se a política estava errada no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, saiu pela tangente:

¿ Era um momento diferente. O Fernando Henrique primeiro estabilizou a moeda. Depois, enfrentou quatro crises internacionais. É evidente que a taxa de juros está errada. Temos um círculo vicioso, com juros altos, alta carga tributária, problemas fiscais graves e problemas no câmbio ¿ afirmou o governador, dizendo-se preparado para fazer o país ¿sair do marasmo¿.

Sobre seu perfil de governante discreto e tranqüilo ¿ alguns o chamam de picolé de chuchu ¿ numa disputa agressiva como deverá ser a do ano que vem, Alckmin mostrou bom humor:

¿ Primeiro, não tenho medo de cara feia. Segundo, os tais carismáticos e agressivos perderam a eleição e o chuchu aqui teve 12 milhões de votos (para governador em 2002).

Sobre o fim da reeleição, cautela

Sobre o fim da reeleição, defendido por Serra, foi reticente:

¿ Acho ruim concluir se a reeleição foi boa ou ruim. Tivemos apenas um presidente reeleito. A reeleição não obriga reeleger ninguém, apenas dá ao eleitor mais um direito. Sou contra (o fim da reeleição) para o atual presidente da República. Não teria sentido tirar do presidente Lula o direito de disputar a reeleição. Para o futuro, eleição com quatro anos e fim da reeleição me parece pouco. Eleição com cinco anos é discutível.

Perguntado sobre o apoio do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), a Serra, Alckmin disse não ter ficado preocupado.

¿ O PFL tem ótimos e grandes líderes que vão se manifestar ¿ disse ele, desdenhando das especulações de que Lula preferiria tê-lo como adversário, em vez de Serra, por consideraria um adversário mais fácil.

¿ Espero que Lula, que tem cometido tantos erros no governo, acerte mais como analista político ¿ ironizou o tucano.