Título: EMPREGO EM SP CAIU EM NOVEMBRO
Autor: Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 15/12/2005, Economia, p. 32

Fiesp registra 1ª queda no ano e culpa juros altos, câmbio e tributação

SÃO PAULO. As duas principais entidades da indústria paulista divulgaram ontem pesquisas que registram queda no nível de emprego no estado em novembro, na comparação com outubro. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a queda foi de 0,36%, com 7.664 postos de trabalho fechados. Já segundo o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a queda foi de 0,75%, com a extinção de 14.806 vagas. A diferença nos números deve-se ao uso de metodologias diferentes.

No caso dos números da Fiesp, foi a primeira vez que o índice caiu este ano. O pico de contratações ocorreu em julho quando o nível de emprego subiu 0,81%. No acumulado do ano, a alta no nível de emprego chega 4,56%, o que representa a abertura 94.236 postos de trabalho. Em 12 meses, a taxa variou 3,13%. Para o Ciesp, também foi o pior resultado do ano para o emprego e a segunda redução consecutiva. Em outubro, a queda tinha sido de 0,02%. Foi ainda o pior resultado desde dezembro de 2001, quando houve queda de 0,91%.

Segundo o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, a queda no nível de emprego em novembro se deve aos velhos e conhecidos vilões da economia, e ao ambiente hostil que existe na produção, representado por alta taxa de juros, câmbio desfavorável aos exportadores e a carga tributária.

¿ A queda pode ser atribuída à grande hostilidade que existe contra a produção ¿ disse Francini.

Alta no ano é medíocre e insuficiente, diz economista

A previsão da Fiesp é de crescimento de 3% da indústria este ano, o que vai representar a abertura de 60 mil vagas. Francini disse que a alta é medíocre e pequena para atender o número de pessoas que entram todos os anos na População Economicamente Ativa.

Para Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp, a queda no índice de emprego é reflexo da política restritiva do governo, que desestimula os investimentos.

¿ É a lei da causa e do efeito, é a lei da gravidade. Três fatores constrangem a atividade: o custo do dinheiro (do crédito), o câmbio e a política fiscal ¿¿ disse Tabacof, acrescentando que é complicado aumentar o número de vagas na indústria com as vendas reais em queda há quatro meses.