Título: FAB TROCA SEUS AVIÕES DE CAÇA E EMOCIONA PILOTOS
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 16/12/2005, O País, p. 16

Saem os F-103 Mirage, chegam os Mirage 2000-C usados

BRASÍLIA. Os últimos dias do ano marcam o fim de uma era na Força Aérea Brasileira (FAB). São os últimos momentos em ação do caça F-103 Mirage III, primeiro avião supersônico do país, que há 33 anos vigia o espaço aéreo brasileiro. Obsoletas, as 12 aeronaves serão substituídas em três anos por outros 12 caças da família de aviões de guerra franceses, os Mirage 2000-C, mais modernos mas nem tanto: fabricados na década de 80, foram comprados usados da Força Aérea da França.

Anteontem, em Anápolis, a primeira turma de pilotos do Mirage III participou da solenidade de aposentadoria, marcada pela emoção. Os novos aviões foram comprados por 80 milhões de euros. O negócio foi fechado em julho, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França. A opção pelos aviões usados foi a saída encontrada pelo governo brasileiro depois da fracassada tentativa de adquirir modelos novos, considerados caros demais.

- Dentro da realidade de penúria em que vivem as Forças Armadas, a compra pode ser considerada boa. Esses caças já são antigos na Franca, são da década de 80. Mas não deixamos de avançar 20 anos - diz Expedito Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Novos aviões são caças de interceptação

Os Mirage 2000 são caças de interceptação, criados para abater aviões intrusos em grandes altitudes. Apesar de serem poucos exemplares para o tamanho do espaço aéreo brasileiro, têm a missão de proteger indústrias e plataformas de petróleo, por exemplo. Também podem atuar na fiscalização das fronteiras, no combate ao contrabando e ao narcotráfico.

- Não vamos ter uma força militar para combater, nenhuma potência vai nos invadir, mas estamos cercados de problemas que podem se agravar no futuro, como a guerrilha colombiana e a instabilidade na Bolívia - opina o pesquisador.

Os quatro primeiros caças Mirage chegam em setembro e vão ficar na Base Aérea de Anápolis, em Goiás. O restante da esquadra virá em 2007 e 2008. Eles serão repotencializados e chegarão ao país com uma vida útil estimada em dez anos. A série 2000 é a evolução máxima do projeto Mirage, que depois foi encerrado. Até que eles cheguem, a FAB vai transferir para Anápolis caças F-5 das bases aéreas de Canoas (RS) e Santa Cruz (RJ), da Embraer.

Legenda da foto: OS PILOTOS Blower, Villaça e Trompowski, pioneiros nos Mirage