Título: BNDES COBRA R$ 200 MILHÕES DE TANURE
Autor: Érica Ribeiro/Carlos Vasconcellos
Fonte: O Globo, 16/12/2005, Economia, p. 37

Justiça do Rio pediu informações sobre como o banco concede empréstimos

O valor que o BNDES cobra de empresas de Nelson Tanure na Justiça chega a R$200 milhões, já incluídos os juros. São três execuções - datadas de 1999, 2000 e 2001 - contra o estaleiro Emaq (que já foi vendido e atualmente se chama Estaleiro Ilha) e a empresa de participações Sequip. Os empréstimos foram pegos para a construção de navios para a Petrobras. Mesmo que haja alguma solicitação, o banco não poderá ter qualquer participação nas propostas da Docas Investimentos, de Tanure, por empresas do Grupo Varig.

Ontem, a Justiça do Rio pediu informações ao BNDES sobre as normas do banco para concessão de financiamentos. Segundo fontes ligadas à operação, o banco informou aos juízes que seus procedimentos impedem a liberação de empréstimos para companhias cujo controlador seja o mesmo de empresas que estão inadimplentes com o BNDES.

Um consórcio liderado pela TAP adquiriu em novembro a VarigLog e a VEM por US$62 milhões, em um plano de emergência para evitar a retomada de aviões da Varig. Dois terços foram financiados pelo BNDES. No contrato, estava prevista uma nova oferta das ações das subsidiárias, em uma espécie de leilão, já que o valor pago fora inferior ao real valor de mercado.

O fundo americano Matlin Patterson fez uma oferta de US$77 milhões, mais antecipação de recebíveis de US$40 milhões. A outra proposta foi da Docas, de US$139 milhões, escolhida para ser enviada à TAP, que no dia 19 decide se cobre ou não o valor. Caso não cubra, o novo comprador terá que devolver os US$62 milhões à TAP, que acertará as contas com o BNDES. Segundo fontes do setor, a questão agora é saber se a Docas vai manter a proposta, já que a aquisição das duas empresas fazia parte de um plano que incluía a Varig e foi frustrado pela Justiça. (Mirelle de França, Ramona Ordoñez e Erica Ribeiro)